Fragmentos de histórias eternas. Empatia, contexto e reificação do inconsciente

Abstract

Uma obra, seja de arte ou de arquitectura, é a expressão de uma equação que envolve termos racionais e irracionais, de uma interacção entre factores objectivos e subjectivos. Não pode, portanto, ser explicada em termos puramente racionais. A tarefa do crítico, diz-nos René Wellek, é a de articular da melhor forma que lhe for possível estes factores e termos na sua inteligibilidade intelectual". O texto de Clara Queiroz Lopes publicado neste volume ensaia esta articulação em termos pós-estruturalistas, no sentido em que constrói uma interpretação pessoal da casa da Atalhada, do Pedro Maurício Borges, que vai além dos limites hermenêuticos estabelecidos pelo processo de desenho. Neste texto tentarei essa articulação dentro desses limites hermenêuticos, ensaiando uma leitura da produção arquitectónica do autor, ainda que restringindo os comentários a um conjunto restrito de projectos que parecem particularmente reveladores. Ao ensaiar, assim, uma inteligibilidade da investigação na prática de projecto do autor, começarei de forma pouco ortodoxa não pelo que esta matéria de investigação é, mas pelo que não é.