“Familiar de faroleiro também é profissão”. Mulheres e trabalho em Portugal no século XIX e inícios do século XX: fontes e problemáticas

Abstract

Este texto tem como objetivo abordar algumas questões relativas à pesquisa histórica sobre o trabalho feminino nos séculos XIX e inícios do século XX, bem como elencar fontes historiográficas – documentais (manuscritas ou impressas), bibliográficas e iconográficas - que permitam aceder a matérias sobre a intervenção das mulheres no mercado laboral e que abram pistas ou sugiram novos temas de investigação. Visa-se, igualmente, compreender os condicionalismos que pesavam sobre o trabalho feminino, em particular, a sua invisibilidade, subavaliação, qualificação como secundário, supletivo ou residual; a interferência de políticas familiares na regulação das políticas de emprego; os debates que acompanharam a entrada das mulheres em certas profissões ou no setor terciário em expansão durante o período considerado ou, ainda, interrogar a construção social da noção de “trabalho feminino” e dos seus arquétipos, entre outras problemáticas. Não se trata de fazer um inventário sistemático das fontes disponíveis mas de apresentar instrumentos de pesquisa adequados a uma análise pluridisciplinar do tema.

This paper addresses certain aspects of historical research on female labour in the 1800s and early 1900s. Moreover, it provides a list of relevant sources – documentary (manuscript and in print), bibliographic and iconographic – on the role of women labourers, opening up research clues and research avenues altogether. The paper also aims to apprehend the constraints weighing upon female labour, particularly its lack of visibility, debasing, and repute as being of lesser significance, supplementary and even negligible when compared to male labour. Another aim is to examine the interference of family strategies in regulating female employment. Still another is to assess the debate on the access of women into certain professions and the tertiary sector, under expansion at the time. Finally, the paper questions social constructions of ‘female labour’ as a notion and its archetypes, among other issues. Rather than producing a systematic inventory of the available sources, the overall goal is to offer research tools suitable for a multidisciplinary analysis of the subject.