Riscos psicossociais nos profissionais de engenharia civil

Abstract

O aparecimento de novos riscos, comummente designados riscos emergentes, associados às enormes mudanças nas condições de trabalho dos países ocidentais nas últimas décadas, mudou as exigências sobre os trabalhadores, deixando-os expostos a stressores psicossociais no local de trabalho, com consequências nefastas para a sua saúde. A crise económica originada pelo subprime que teve o seu início em 2008, produziu mudanças nas exposições aos Riscos Psicossociais, devido à deterioração do mercado laboral. Na construção, setor mais afetado pela crise económica, desapareceram mais de 260 mil trabalhadores, tendo a Engenharia Civil perdido, entre 2014 e 2018, cerca de 40 mil empregados. Atualmente assiste-se a uma falta de valorização do trabalho dos engenheiros, com a remuneração por hora. É nessa linha que se considerou importante efetuar o presente trabalho de investigação, no sentido de conhecer a exposição dos Engenheiros Civis Portugueses aos Riscos Psicossociais. O método utilizado para conhecer a exposição dos Engenheiros Civis, aos fatores de Risco Psicossociais, foi a versão média portuguesa do questionário Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ II), através de uma amostra de 96 Engenheiros Civis, inscritos na Ordem dos Engenheiros da região centro e na Ordem dos Engenheiros Técnicos da região centro. No formulário de resposta, para além das questões próprias do COPSOQ II, foram incluídas questões sociodemográficas. Foi caraterizada a amostra relativamente aos dados sociodemográficos, analisada a exposição aos fatores de Risco Psicossociais na amostra e também a influência das caraterísticas sociodemográficas na exposição aos fatores de Risco Psicossociais. Da análise efetuada constatou-se que a exposição dos Engenheiros Civis ao fator de risco, exigências cognitivas, apresenta risco elevado para a saúde, enquanto a exposição aos fatores de risco comportamentos ofensivos, insegurança laboral e comunidade social no trabalho, apresentam situação favorável para a saúde.

The emergence of new risks, commonly known as emerging risks, associated with the enormous changes in working conditions in western countries in recent decades, has changed the demands on workers, leaving them exposed to psychosocial stressors in the workplace, with harmful consequences for their health. The economic crisis caused by the subprime which began in 2008, changed the exposure to Psychosocial Risks, due to the deterioration of the labour market. In the construction sector, the most affected by the economic crisis, more than 260 thousand workers disappeared, with Civil Engineering losing, between 2014 and 2018, about 40 thousand employees. Currently, there is a lack of appreciation for engineer´s work, with hourly pay". Therefore, it seemed important to carry out this research, in order to know the exposure of Civil Engineering professionals to psychosocial risks. The method used to determine the exposure of Civil Engineers to Psychosocial Risk factors was the Portuguese medium version of the Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ II), through a sample of 96 Civil Engineers, enrolled in the Portuguese Engineers Association, of the central region and in the Portuguese Association of Technical Engineers, of the central region. In addition to the COPSOQ II questions, the inquest form included socio-demographic questions. It was made a socio-demographic characterization of the sample, studied the exposure to Psychosocial Risk factors in the sample, and also studied the influence of socio-demographic characteristics on the exposure to Psychosocial Risk factors. From the analysis carried out, it was found that the exposure of Civil Engineers to the COPSOQ II risk factor, cognitive demands, presents a high risk for health, while exposure to the COPSOQ II risk factors of offensive behaviours, job insecurity and social community at work, present a favourable situation for health.