Relatório de Estágio e Monografia Intitulada "O impacto do consumo de Piper methysticum a nível toxicológico".

Abstract

No documento único encontram-se inseridos os relatórios de estágio, em farmácia comunitária e farmácia hospitalar, realizados sob a perspetiva de análise SWOT bem como a monografia intitulada ‘’O impacto do consumo de Piper methysticum a nível toxicológico’’. Relativamente à monografia, a Piper methysticum, mais conhecida kava, é uma planta medicinal cultivada nas ilhas do Pacífico Sul, nas quais a bebida tradicional de kava está muito associada à celebração de eventos importantes. Mas, por outro lado, na Europa, EUA e Brasil, o seu uso encontra-se mais associado a medicamentos fitoterápicos ansiolíticos. Atualmente, a kava permanece como uma alternativa aceitavelmente segura para o tratamento da ansiedade, regulação do sono e outros transtornos semelhantes, sendo mesmo comparados os seus efeitos terapêuticos com os de medicamentos tradicionais para estas afeções, tais como as benzodiazepinas. O uso de plantas para fins medicinais remonta há vários séculos, sendo que nos últimos anos tem ganho particular interesse a nível terapêutico. A premissa de que o consumo de produtos naturais é mais seguro em comparação aos produtos de origem sintética nem sempre se verifica. Isto porque a planta pode sofrer diversas alterações, nomeadamente, adulterações ao nível da matéria-prima, ter diferentes tipos de cultivo ou utilizar diferentes partes da planta ao preparar os extratos. Assim, todas estas alterações vão ter impacto ao nível da qualidade e segurança do extrato, podendo mesmo ser responsáveis pela toxicidade. No caso particular da kava, foram reportados alguns casos de hepatotoxicidade, nos quais se incluíam cirrose, falência hepática e morte, como estando possivelmente associados ao seu consumo. Com base nos casos de hepatotoxicidade, a kava acabou por ser retirada do mercado europeu continuando a ser comercializada nos EUA e Brasil. Contudo, nos vários estudos realizados não foi possível estabelecer uma clara correlação entre o consumo de kava e o desenvolvimento de hepatotoxicidade. Como tal, é necessário que haja um controlo de todo o processo de produção, com base em marcadores de qualidade ou diferenças caraterísticas, permitindo diminuir efeitos indesejáveis.

The internship reports in community pharmacy and hospital pharmacy are included in the single document carried out under the perspective of SWOT analysis, as well as the monography entitled ‘’The impact of the consumption of Piper Methysticum at a toxicology level’’. Regarding the monograph, Piper methysticum, better known as kava-kava or kava, is a medicinal plant grown in the islands of the South Pacific, where the traditional kava drink is linked with the celebration of important events. Conversely, in Europe, USA and Brazil, its use is associated with anxiolytic herbal medicines. Currently, kava remains a safe alternative for the treatment of anxiety, sleep regulation and other similar disorders, and its therapeutic effects are even compared with those of traditional medicines for these conditions, such as benzodiazepines. The use of plants for medicinal purposes goes back several centuries, gaining particular interest therapeutically in recent years. The premise that the consumption of natural products is safer compared to products of synthetic origin is not always verified. This is due to the fact that the plant can undergo several changes such as adulteration in terms of raw material, have different types of cultivation or different parts of the plant being used when preparing the extracts. Thus, all these changes will have an impact on the quality and safety of the extract and may even be responsible for its toxicity. In the particular case of kava, some manifestations of hepatotoxicity, which included cirrhosis, liver failure and death, have been reported as possibly associated with its consumption. Based on cases of hepatotoxicity, kava was eventually withdrawn from the European market, continuing to be sold in the USA and Brazil. However, in the various studies carried out, it was not possible to establish a clear correlation between kava consumption and the development of hepatotoxicity. Therefore, it is necessary to establish control of the entire production process, based on quality markers or characteristic differences, allowing for the reduction of undesirable effects.