A materialização de um instante o limiar entre o silêncio e a luz na obra de Louis I. Kahn

Abstract

Silêncio e Luz, apresentam-se como termos recorrentes na construção do discurso arquitetónico. No entanto, ambos os vocábulos surgem associados ao seu sentido quotidiano: o silêncio como ausência de ruído e a luz como fonte de iluminação. Contudo, entre 1960 e 1970, o arquiteto americano Louis Kahn, reflete sobre a possível ‘origem’ da Arquitetura, problematizando silêncio e luz, como termos que traduzem as premissas de existência e presença, respetivamente. Kahn introduz ainda, à medida que vai aprofundando a sua teoria, as questões de imensurabilidade e mensurabilidade, que definirão os planos nos quais os vocábulos: silêncio, luz, existência e presença se vão desenvolvendo. A presente tese explora, numa primeira fase, seguindo as declarações de Kahn, o que significa a questão da existência na obra construída e qual o papel do arquiteto face à origem da sua obra. Posteriormente, problematiza-se a questão da presença em Arquitetura, compreendendo como pode o corpo construído, tornar-se mais do que um simples objeto. Por fim, compreende-se o que, para Kahn, se apresenta como o resultado da relação que se estabelece entre existência e presença: o ‘Tesouro da Arte’, surge como o último conceito introduzido pelo arquiteto no desenvolvimento das suas reflexões. O processo utilizado na compreensão da teoria de Kahn, surge de forma homónima às suas declarações, nas quais o arquiteto refere que a obra surge, primeiro, no plano Imensurável (no qual deve ser questionada qual a origem da mesma), seguindo para o plano Mensurável (no qual o corpo arquitetónico se torna palpável) para, finalmente, regressar ao plano Imensurável (no qual a obra passa a ser percecionada pelos sentidos físicos e psíquicos do utilizador). O discurso metafórico e, muitas vezes, poético de Kahn, surge como base fundamental no desenvolvimento do presente trabalho, destacando-se a conferência de 1969 (Zurique), intitulada Silence and Light, como suporte principal na presente compreensão da importância da integração da história da Arquitetura como a ‘origem’ da própria Arquitetura.

Silence and light are presented as frequent terms regarding the architectonic speech. Nonetheless, both words appear affiliated in their daily meaning: silence as the lack of noise, and light as the source of lighting. However, between the 60’s and 70’s the American architect Louis Kahn, questions the possible ‘origin’ of Architecture by questioning silence and light as terms that could translate assumptions of existence and presence, accordingly. Kahn also introduces, while going deeper in his theory, questions about Immeasurable and Measurable dimensions that will define the plans where the words: silence, light, existence and presence are developed. Following Kahn’s thoughts, this thesis explores, on the first stage, the meaning of existence in constructed architecture buildings, and what is the architect’s role towards the origin of his work. Later on, it focuses on the meaning of presence in Architecture, understanding how a built volumetry becomes more than a simple architectural object. Last but not least, this thesis reflects what is to Kahn the result of the relationship established between existence and presence: ‘The Treasury of Art’, – is the last concept introduced by the architect towards the development of his reflections. The process used to understand Kahn’s theory emerges as a homonymous form of his own words, where he refers that the construction begins, firstly from the Immeasurable (where the origin of the Architecture should be questioned), moving to the Measurable (where the architectonic body becomes palpable), returning to the Immeasurable (where the construction is perceived through the physical and the psychical senses of the user). Kahn’s metaphorical and perhaps poetic speech emerges as a crucial base towards this thesis. His words were specially emphasized at the 1969’s conference (Zurich) themed Silence and Light. This conference worked as the main support to understand the relevance of Architecture’s historical integration as the ‘origin’ of itself.