Pathophysiology of Chronic Pain

Abstract

A dor crónica é considerada uma experiência desagradável, pessoal, com carácter multidimensional, associada a um alto impacto socioeconómico, na medida em que é uma das principais causas de sofrimento, bem como de baixa produtividade e de incapacidade laboral. Devido à sua alta prevalência e impacto, constitui um dos principais motivos para a procura de cuidados de saúde por parte da população em geral. É considerada um problema de saúde pública cada vez mais frequente, afetando cerca de 40 % da população portuguesa. Pode ser definida como uma dor persistente ou recorrente, com uma duração superior a 3-6 meses, cuja função protetora deixa de existir, passando a ter um papel prejudicial para o organismo.Muito embora os processos fisiopatológicos estejam identificados e bem compreendidos nos casos da dor crónica de etiologia nociceptiva ou neuropática, há ainda dificuldade em compreender claramente os mecanismos que estão na origem de doenças como a fibromialgia, em que fenómenos de sensibilização central estão presentes, na ausência de lesão tecidular ou de compromisso nervoso. Sabe-se, porém, que a cronicidade da dor está intimamente relacionada com os fenómenos de sensibilização periférica e central que sinergicamente causam um aumento do estímulo álgico perpetuado no tempo.A presente revisão foca-se nos mecanismos fisiopatológicos que estão na base das diversas etiologias de dor crónica, explorando os fenómenos que vão desde a receção do estímulo pelos nociceptores à perceção e integração do estímulo álgico a nível cerebral.Por fim, um papel de destaque é dado à terapia farmacológica e não farmacológica da dor crónica, bem como às últimas inovações neste campo, que permitirão, a longo prazo, uma abordagem mais racional e individualizada da terapia, diminuindo a incidência de efeitos secundários desnecessários e aumentando significativamente a qualidade de vida dos doentes.

Chronic pain is considered an unpleasant, personal experience, with a multidimensional character, associated with a high socioeconomic impact, as it is one of the main causes of suffering, as well as low productivity and incapacity for work. Due to its high prevalence and impact, it is one of the main reasons for the demand for health care by the general population. It is considered a public health problem more and more frequent nowadays, affecting about 40% of the portuguese population. It can be defined as a persistent or recurrent pain, lasting more than 3-6 months, whose protective function ceases to exist, having a harmful role for the body.Although pathophysiological processes are identified and well understood in cases of chronic pain of nociceptive or neuropathic etiology, there is still difficulty in clearly understanding the mechanisms that cause diseases such as fibromyalgia in which central sensitization phenomena are present, in the absence of tissue damage or nervous compromise. However, it is known that the chronicity of pain is closely related to the phenomena of peripheral and central sensitization that synergistically cause an increase in the pain stimulus perpetuated over time.This review focuses on the pathophysiological mechanisms that underlie the various etiologies of chronic pain, exploring the phenomena that range from nociception to the perception and integration of pain stimulus at the brain level.Finally, a prominent role is given to pharmacological and non-pharmacological therapy for chronic pain, as well as the latest innovations in this field, which will allow, in the long term, a more rational and individualized approach to therapy, reducing the incidence of unnecessary side effects and significantly increasing patient’s quality of life.