RED-S: Consensos e Controvérsias

Abstract

O conceito de Défice Energético Relativo no Desporto (RED-S) representa uma síndrome multiorgânica cuja causa subjacente é uma baixa disponibilidade energética (DE) devido à redução no aporte energético dietético e/ou ao aumento do gasto associado a exercício. Esta condição afeta principalmente atletas, de quaisquer nível, idade e sexo, e pode ter efeitos desfavoráveis em diversos aspetos da função fisiológica, saúde e performance desportivo. Esta revisão narrativa concebe uma análise alargada da síndrome desde a sua etiologia fisiopatológica, fatores de risco e consequências negativas, até às recomendações atualmente existentes na literatura para a abordagem da mesma. Os autores também enfatizam as limitações do modelo e expõem áreas que requerem investigações futuras. A baixa DE é comum entre atletas em que a composição corporal confere vantagem competitiva. Tem consequências notórias com prejuízos diretos na saúde, como disfunção menstrual em mulheres e baixa densidade mineral óssea. Contudo, outros efeitos, como o impacto nos sistemas imunológico e cardiovascular, ou o impacto na performance desportiva não estão ainda completamente compreendidos. Embora menos estudados, atletas masculinos também experienciam consequências negativas. O modelo RED-S inclui ferramentas de abordagem a atletas atingidos, mas estas ainda aguardam validação. São também necessárias intervenções comportamentais e educativas que contribuam para a prevenção da síndrome. Está ainda em falta evidência científica que sustente algumas das relações de causalidade estabelecidas, bem como a relevância clínica, reversibilidade, especificidade e magnitude de algumas das componentes da síndrome. Estas limitações devem ser alvo de estudo a longo-prazo, futuramente. Este trabalho dá a conhecer o RED-S aos leitores de forma detalhada, consciencializando-os para o problema. Para além disso, ao apresentar limitações e áreas que carecem de investigação futura, esta revisão pode fomentar e servir de base a futuras investigações.

The concept of Relative Energy Deficiency in Sport (RED-S) represents a multiorganic syndrome whose underlying cause is a low energy availability (LEA) due to a reduced dietary energy intake and/or an increased in exercise energy expenditure. This condition affects mostly athletes, from all levels, age and sex, and it has potential unfavourable effects in many aspects of physiological function, health and athletic performance.This narrative review provides an extended overview of the syndrome from its physiopathological etiology, risk factors and negative outcomes to the proposed recommendations from the literature to manage it. The authors also highlight the limitations of the model and identify areas that warrant further investigations.From the data reviewed LEA is vast among athletes of sports emphasising leanness. Some of its consequences are notorious and directly impairs heath, such as menstrual disturbance in females and low bone mass density. However, other effects such as those seen in immune and vascular systems, or the ones described in performance are not completely understood yet. Although less studied, male athletes also experience unfavourable scenarios. The RED-S model also presents clinical models for the management of affected athletes, but they still await validation. Behavioural and educational interventions to prevent the condition are required. Current evidence about some established causality relationships, as well as clinical relevance, reversibility, specificity and magnitude of some components of the syndrome are also lacking. These knowledge gaps should be addressed in future long-term researches.This paper can be used as a tool to introduce RED-S in detail to readers and thus increase awareness of the condition. Furthermore, by indicating the limitations and the areas that warrant further investigation the current review can encourage and support further investigations.