O Castelo de Soure e sua envolvente. Uma proposta de intervenção

Abstract

O presente trabalho tem como principal objeto de estudo o Castelo de Soure, localizado no Distrito de Coimbra. Doado à Ordem dos Templo em 1128, este castelo foi apropriado e modificado de modo que se tornou um dos pontos decisivos na defesa de Coimbra, a futura capital de Portugal, e na conquista de Santarém. Devido à sua localização geográfica, o Castelo de Soure converteu-se na sede templária portuguesa e promoveu o desenvolvimento de um povoado, a Vila de Soure. Como a maioria das construções militares medievais, o Castelo de Soure encontra-se hoje em ruínas, das quais são visíveis uma muralha e duas torres. Apesar de pequenas intervenções da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que impediram a derrocada total dos aparelhos sobreviventes, o castelo foi perdendo importância no território acabando por ser esquecido. Em 1939, um pedido ‘desesperado’ apela à classificação do Castelo a Monumento Nacional. Apesar do pedido ser correspondido em 1943, a estrutura passa a ser propriedade da Câmara Municipal de Soure, apenas, em 2004. Do abandono da Ordem até à tentativa de venda do imóvel em Praça Pública, foram apenas realizadas pequenas intervenções de limpeza e manutenção de paredes, no século XX. Desta forma, o castelo apresenta-se não só como herdeiro da sua história secular, como também da inação nele manifestada. Tendo presente a glória do passado e as exigências do presente, esta investigação debruça-se não só na discussão sobre a intervenção no património, como também na sua reintegração na vida urbana contemporânea. Portanto, repensar este monumento pressupõe uma proposta de intervenção que inclui a organização do espaço da vila, onde se integra o castelo e a sua memória.

The present dissertation has as a case study the Castle of Soure, located in the District of Coimbra. Donated to the Order of the Temple in 1128, this castle was appropriated and modified so that it became one of the decisive points in the defence of Coimbra, the future capital of Portugal, and in the conquest of Santarém. Due to its geographical location, Castelo de Soure became the Portuguese Templar headquarters and promoted the development of a village known as Vila de Soure. Like most medieval military constructions, the Castle of Soure is now in ruins, from which a wall and two towers are recognisable. Despite small interventions by the Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), which prevented the total collapse of the surviving structures, the castle gradually lost its importance in the territory and ended up being forgotten. In 1939, a ‘desperate’ appeal calls for the castle to be classified as a National Monument and, although the request was fulfilled in 1943, the structure became the property of the Municipality of Soure only in 2004. From the abandonment of the Order to the attempt to sell the property in a public auction, only small cleaning and maintenance operations were accomplished, in the twentieth century. In this way, the castle presents itself not only as the heir of its secular history but also of the inaction manifested in it. Remembering the glory of the past and the demands of the present, this investigation focuses not only on the discussion of intervention in heritage but also on its reintegration into contemporary urban life. Therefore, rethinking this monument presupposes a proposal that includes the village’s organization, where the castle and its memory are integrated.