O Papel do Fact-checking no combate à “infodemia” sobre Covid-19: O Caso do Jornal Polígrafo

Abstract

A pandemia de Covid-19 veio criar um cenário inédito, não só em termos de saúde pública, com a determinação de medidas de isolamento social sem precedentes, mas também de partilha de informação massiva nas redes sociais – classificada pela OMS enquanto uma “infodemia”. Na comunicação política sobre a situação pandémica, foram vários os erros cometidos numa fase inicial, principalmente devido à escassez de informação e evidência científica sobre a nova doença. Em resposta à quantidade alarmante de desinformação sobre o SARS-CoV-2 e aos perigos que esta acarreta para a saúde pública, observou-se a mobilização generalizada das plataformas de fact-checking numa tentativa de identificar e corrigir informações falsas. No presente relatório, realiza-se uma revisão literária às origens, desenvolvimento e estado atual dos projetos que se dedicam à atividade de verificação de factos. Além disso, analisa-se o papel que os fact-checkers tiveram na mitigação da desinformação sobre Covid-19 e quais as limitações que a sua atividade apresenta neste contexto. No âmbito do estágio realizado no Jornal “Polígrafo", foi objetivo do presente estudo analisar os artigos de fact-check sobre Covid-19 publicados entre setembro e dezembro de 2020. Com o propósito de apurar tendências desinformativas, foram recolhidos dados relativos à origem da informação analisada, às classificações atribuídas dentro da escala do Polígrafo, aos tópicos trabalhados, aos métodos de verificação utilizados e, por fim, aos países aos quais se referia o conteúdo verificado. Uma das principais conclusões do estudo é a predominância das verificações de factos que versam sobre informação classificada com um determinado grau de falsidade. É também percetível de que modo a evolução da pandemia e os avanços científicos obtidos, por exemplo, através do desenvolvimento da primeira vacina contra a doença, afetaram a quantidade e tipo de conteúdo sobre Covid-19 verificado.

The Covid-19 pandemic created an unprecedented scenario, not only related to public health with the new measures of social distancing, but also with the sharing of massive amounts of information on social networks, classified as an “infodemy” by the OMS. Regarding political communication about the pandemic status, a vast number of errors was committed on an initial stage, due to the lack of information and scientific evidence about the new disease. As an answer to the alarming quantity of disinformation about SARS-COV-2 and its dangers to public health, fact-checking platforms mobilized to attempt on identifying and correcting false or deceitful information. In this article, a literary review is made on the origins, development and the state of the actual journals and sites, that dedicate their activity for fact-checking purposes. Moreover, we analyse the role of fact-checking in mitigating the disinformation about Covid-19, and its limitations in this context.In scope with the internship on the journal “Polígrafo”, this study aims to analyse the fact-checking articles about Covid-19 published between September and December of 2020. With the purpose of finding disinformation tendencies, data was recollected regarding the origin of the analysed information, the classification selected in the scale defined by the journal, the worked topics, the verification methods used and, at last, the countries which referred to the verified content.One of the first conclusions of this study is the predominance on verifications regarding information classified with a degree of falseness. It is also perceptible in this study how the pandemic and the inherent scientific evolution affected the type of Covid-19 content that was verified. We can look at the development of the first vaccine as an example.