A relação do abuso de substâncias e a psicopatologia em população reclusa.

Abstract

Introduction: The world prison population accounts for 10.35 million people worldwide, and registered a global increase of 20% in the last decades. The prevalence of psychoactive substance abuse in the prison population is higher than in the community and is liked to increased risk of violence and crime. Comorbidity of substance abuse and psychiatric disorders is high and is associated with worse criminal course.The aim of this study is to analyze how substance use is a mediating variable between psychopathology and criminal behavior, and how it is possible to reduce criminal behavior by intervening in psychopathology and substance use.Methods: The study methodology consisted of collecting sociodemographic information, consumption history and criminal course, and applying the BSI, TriPM, ASRS-v1.1 and ASQ scales. The samples consisted of 101 prisoners and 110 male controls. Statistical analysis was performed using the IBM SPSS Statistics 25.0; significancy level p0,05.Results: The early initiation of substance use is associated with anticipated entry into the judicial system, more years of consumption and criminal recidivism. Psychopathological symptoms increase the risk of criminal behavior and at an earlier age. Hostility symptoms increase the likelihood of substance use and early initiation into crime and consumption. Psychopathy symptoms simultaneously increase the risk of criminal behavior and substance abuse. ADHD is more common among consumers and increases the risk of criminal behavior at an early age. Autism symptoms increase the risk of criminal behavior.Conclusions: The treatment of substance abuse and psychopathological symptoms, particularly associated with impulsivity, namely Hostility, externalizing behavior and ADHD, can reduce criminal behavior and recurrence.

Introdução: A população prisional mundial contabiliza 10.35 milhões de pessoas em todo o mundo, tendo registado um aumento global de 20% nas últimas décadas. A prevalência de abuso de substâncias psicoativas na população prisional é mais elevada que na comunidade e aumenta o risco de violência e crime. A comorbilidades diagnóstica de abuso de substâncias com outras perturbações psiquiátricas é elevada e associa-se a piores percursos criminais. O objetivo deste estudo é analisar de que forma os consumos de substâncias são uma variável mediadora entre a psicopatologia e o comportamento criminal, e de que forma é possível reduzir o comportamento criminoso intervindo na psicopatologia e no consumo de substâncias. Métodos: A metodologia do estudo consistiu na recolha de informação sociodemográfica, histórico de consumos e percurso criminal, e aplicação das escalas BSI, TriPM, ASRS-v1.1 e ASQ. As amostras foram constituídas por 101 reclusos e 110 controlos do sexo masculino. Foi realizada a analise estatística recorrendo ao IBM SPSS Statistics 25.0; nível de significância p0,05.Resultados: A iniciação precoce de consumo de substâncias associa-se a antecipação da entrada no sistema judicial, duração mais prolongada de consumos e reincidência criminal. Sintomas psicopatológicos aumentam o risco de comportamentos criminoso e em idades mais precoces. Os sintomas de Hostilidade aumentam a probabilidade de consumo de substâncias e iniciação precoce no crime e nos consumos. Sintomas de Psicopatia aumentam o risco de comportamento criminoso e de abuso de substâncias simultaneamente. PHDA é mais frequente nos consumidores e aumenta o risco de comportamento criminoso em idade precoce. Sintomas de Autismo aumentam o risco de comportamento criminoso.Conclusões: O tratamento de abuso de substâncias e sintomas psicopatológicos, particularmente associados a impulsividade, nomeadamente Hostilidade, comportamento externalizante e PHDA, pode reduzir o comportamento criminoso e a reincidência.