Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/895
Título: ´Diabetes Gestacional - Contribuição para o seu estudo em Portugal´.Coimbra, ed.autor, 1997, 30 vols., 302 p.
Autor: CARVALHEIRO, Manuela Rebelo 
Palavras-chave: Medicina Interna (Endocrinologia, Doenças do Metabolismo e da Nutrição)
Data: 1998
Resumo: Introdução: a diabetes gestacional (DG) define-se como uma forma de intolerância à glicose de grau variável, diagnosticada ou reconhecida durante a gravidez, responsável, a curto prazo, por um aumento da morbilidade materna e fetal e a médio e longo prazo pelo aparecimento de diminuição da tolerância à glicose ou diabetes mellitus nas mulheres em quem foi diagnosticada, e na sua descendência. Objectivos: determinar a prevalência da DG; caracteriza-la em termos fisiopatológicos, através da avaliação da sensibilidade à insulina, e insulino-secreção, de alterações imunogenéticas (haplotipos HLA-DR/DQ e auto-anticorpos, IAA, ICA, anti-GAD e IA-2 ) e avaliar a evolução da doença, a médio prazo (durante um período de 12 meses após o parto), para formas futuras de intolerância à glicose e correlacionar a referida evolução com algumas vertentes clínicas e laboratoriais. MATERIAL E MÉTODOS Estudo epidemiológico: 1031 grávidas não conhecidas como diabéticas atendidas durante um ano consecutivamente nas duas Maternidades de Coimbra, foram submetidas a rastreio e diagnóstico da DG (critério de O`Sullivan e Manhan). Estudo fisiopatológico I: num estudo transversal foram estudadas 53 grávidas com DG e 53 mulheres saudáveis, 26 grávidas e 27 não grávidas, com idade, peso e IMC idênticos, durante o terceiro trimestre de gravidez, e após o parto, entre a 6-8 semanas e as não grávidas na fase luteínica do ciclo menstrual, através de uma prova endovenosa de tolerância à glicose (PEVTG). Os resultados analíticos foram analisados pelo Modelo Mínimo de Bergman. O estudo foi completado pela avaliação estatística dos resultados intergrupos, sendo considerada a análise em função do IMC. Estudo fisiopatológico II: foram estudadas 110 grávidas com DG, de raça branca e oriundas da região de Coimbra. Serviram de controlo três grupos populacionais diferentes com raça e origem idênticas. Para o estudo genético dos haplotipos HLA (DQA1, DQB1), um grupo de pessoas saudáveis, não familiares de diabéticos, e outro de pessoas com diabetes tipo 1 não aparentadas entre si. Para o estudo imunológico mulheres saudáveis (grávidas e não grávidas), não familiares em primeiro grau de pessoas com diabetes. A tipagem genotípica dos haplotipos HLA-DR/DQ foi feita de acordo com o protocolo do XII Workshop Internacional sobre Histocompatibilidade (1996). O doseamento dos auto-anticorpos foi feito de acordo com as técnicas "standard", consideradas para cada auto-anticorpo. Estudo de seguimento: as mulheres estudadas nos estudos fisiopatológicos foram reavaliadas às 6 semanas e ao ano após o parto através de uma PTGO com 75 g de glicose, (critério OMS). As variáveis clínicas e bioquímicas, foram colhidos na altura da avaliação metabólica e dos processos clínicos das mulheres enquanto grávidas. RESULTADOS Estudo epidemiológico: encontrou-se uma prevalência de diabetes gestacional de 4,2%. Cerca de metade da amostra (42%) evidenciava factores de risco para a diabetes gestacional, sendo a história familiar de diabetes o mais frequente entre eles. Estudo fisiopatológico I: ficou demonstrado que as mulheres com DG apresentavam, durante a gravidez, uma insulino-resistência agravada, acompanhada de um hiperinsulinismo não compensador. Após o parto, as mulheres com DG prévia mantiveram as referidas alterações, sendo agora mais evidente e significativo o défice pancreático. Estudo fisiopatológico II: os resultados do estudo genético não mostraram concordância entre a DG e a diabetes tipo 1, com excepção da frequência do haplotipo de risco DQA1*0501-DQB1*0201 (DQ2). A prevalência de auto-anticorpos positivos foi de 4,5%, sendo de 0% para os IAA, 3,6% para os ICA, 1,8% para os GAD e 0,9% para os IA-2. Duas das cinco grávidas com anticorpos positivos apresentavam positividade para dois anticorpos diferentes (ICA e GAD e GAD e IA-2). Estudo de seguimento: às seis semanas após o parto, a prevalência de intolerância à glicose foi de 2,6% e, ao ano, de 29,4%, sendo 23,5% de diminuição da tolerância à glicose e 5,9% de diabetes mellitus (2,95% tipo 1 e 2,95% tipo 2). A análise das variáveis clínicas e laboratoriais apontou para que a idade jovem, o peso e o IMC normais ou baixos, o diagnóstico precoce, a necessidade de insulinoterapia, o parto precoce, a positividade na reavaliação às seis semanas e a presença de anticorpos positivos, se relacionavam com o desenvolvimento para a diabetes tipo 1. A idade mais avançada, a obesidade prévia à gravidez e principalmente a adquirida após o parto, o diagnóstico mais precoce, a necessidade de insulinoterapia e a ausência de marcadores imunológicos para a diabetes tipo 1 apontam para uma evolução no sentido da diabetes tipo 2. Dos parâmetros avaliados no estudo da insulino-resistência e insulino-secreção, apenas os do estudo após o parto parecem ter valor prognóstico. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Os aspectos fisiopatológicos que analisámos demonstram o carácter evolutivo da doença, levando-nos à conclusão de que a DG é um continuum que importa reconhecer, tratar, vigiar, e prevenir, pela influência que vários factores, nomeadamente a obesidade e o sedentarismo, podem desempenhar no seu aparecimento e evolução futura.
URI: https://hdl.handle.net/10316/895
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Aparece nas coleções:FMUC Medicina - Teses de Doutoramento

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