A Figueira da Foz como “lugar de memória” na rota da fuga da Europa ocupada durante a 2ª Grande Guerra (1943-1945). Proposta de itinerário histórico

Abstract

Neste estudo apresenta-se uma proposta de itinerário histórico tendo por base “lugares da memória” da presença de refugiados da 2ª Grande Guerra na praia da Figueira da Foz, cidade da região centro de Portugal. Esta estância balnear foi um dos locais escolhidos pelo regime salazarista para acolher temporariamente refugiados, enquanto aguardavam pelo dia de embarque para outros países ou continentes. Essa situação ocorre, sobretudo, a partir do verão de 1940 e vem na sequência do agravamento da situação política e social europeia, após a ocupação de França pelas tropas alemãs, causadora de devastação e de deslocações de grandes massas populacionais, sendo a cidade de Lisboa, em Portugal, a porta atlântica para outros continentes, em particular para os Estados Unidos da América. A partir de documentação histórica, bem como de obras memorialistas e literárias procede-se à identificação e ao mapeamento dos lugares onde viveram ou que frequentaram durante a sua permanência na cidade. O percurso traçado, ao articular, os valores intangíveis da história europeia com a história da cidade, da cultura cívica com a valorização do património local afigura-se ter possibilidade de se converter num produto turístico-cultural. Essa conjugação permite, ainda, a sua integração em circuitos culturais transnacionais, no quadro da política regional transfronteiriça da União Europeia, e que têm como objetivo prioritário a libertação da Europa do domínio nazi ou a fuga da Europa ocupada.