Intangibilidades da dança: uma análise na entrecena dos opostos binários

Abstract

Intangibilidades da dança: uma análise na entrecena dos opostos binário é sobre experimentar formas alternativas de se percecionar e estar no mundo, confiando-se na dança e na performance e sustentando-se na antropologia, testam-se metodologias que caminhem em direção a um mundo mais incorporado. Com isto, participa-se na oficina Estado de Presença que, enquanto aposta trabalhar ao nível do corpo e da perceção, investiga novas formas de nos relacionarmos com o outro, priorizando os afetos e estimulando-os a criar uma performance juntos. Sobre uma plataforma onde se tenta destruir qualquer hierarquia social e se tentam nivelar os diferentes papéis, incentivam-se os próprios participantes, investigadores e orientadores a experimentarem posicionar-se nestes diversos postos.Pensa-se que vivemos demasiadamente mergulhados em camadas da realidade onde se prioriza o que já se sabe, dando a vida como previsível e acreditando-se na possibilidade de controlo da mesma. Tem-se, por isso, uma postura adormecida e desatenta que passa quase como inativa e invisível. Nesta investigação, anseia-se sensibilizar os participantes para a especialidade e irrepetibilidade dos eventos - despertá-los para o que é sempre próprio do momento e realçar o “aqui- agora”; incentivando-os a ficar e a experimentar no lugar do não saber, de forma a agirem mais adequadamente ao evento, respondendo-lhe com mais tacto e consciência. Associado a este anseio, nesta investigação parte-se do princípio que o mundo está em guerra, sendo que a guerra não pode ser entendia como algo pontual, ou visível através de bombardeamentos. Numa percepção incorporada, a guerra é invisível e está no constante confronto de “nós contra eles” presente nas diversas equações que se apresentam diariamente na vida das pessoas. Assim, daqui parte o desejo de se intervir no mundo. Sem se acreditar em verdades únicas e estanques, mais que tudo, deseja-se testar formas alternativas de nos relacionarmos com ele. Este ensaio é, então, sobre essa experimentação.

Intangibilities of dance: an inter-scene analysis of the binary opposites is about experimenting alternative ways of perceiving oneself and being in the world. Relying on dance and performance and sustaining in anthropology, this essay tests methodologies that move towards a more embedded world. For this purpose, we participate in the State of Presence workshop that, while betting to work at the body and perception level, investigates new ways of relating to each other, prioritizing the affections and encouraging them to create a performance together. On a platform where one tries to destroy any social hierarchy and level the different roles, the participants, researchers and advisers themselves are encouraged to experiment with positioning themselves in these various positions.We thought that we live far too deep in layers of reality where priority is given to what is already known, giving life as predictable and believing in the possibility of controlling it. Therefore, we have a sleeping and inattentive posture that passes almost as inactive and invisible. This research aims to make participants aware of the specialty and unrepeatability of events - to wake them up to what is always the moment and to highlight the “here-now”; encouraging them to stay and experiment not knowing, to act more appropriately on the event, responding with more tact and awareness.Associated with this yearning, this research assumes that the world is at war, and war cannot be understood as punctual or visible through bombing. In an embodied perception, war is invisible and is in the constant confrontation of "us against them" present in the various equations that present themselves daily in people's lives. Thus, from here comes the desire to intervene in the world. Without believing in unique and watertight truths, most of all, we want to test alternative ways of relating to it. This essay is then about this experimentation.