"A depressão pós-parto no homem após o nascimento do primeiro filho"

Abstract

Resumo Objetivos: O presente estudo teve como objetivos perceber a dimensão da depressão paterna, após o nascimento do primeiro filho. Os objetivos do estudo passam por compreender se existem sintomas depressivos em homens que foram pais recentemente, se são correlacionados com as áreas da vida conjugal, em campos como a sexualidade, a intimidade emocional. Procura-se ainda perceber se existe correlações entre a idade do bebé e alguns fatores das escalas aplicadas. Método: Com base nos objetivos de investigação supracitados, trata-se de um estudo exploratório, transversal e com uma abordagem de natureza quantitativa. A amostra foi recolhida através de um questionário online, conferindo o anonimato de todos os respondentes. Os sujeitos alvo desta recolha foram homens, que tenham sido pais pela primeira vez, e que tenham bebés com idades compreendidas entre os 4 e os 18 meses. O protocolo de investigação utilizado consistiu na aplicação de um questionário sociodemográfico e 3 escalas, após uma nota introdutória para explicar aos respondentes os objetivos e contexto do estudo. O questionário sociodemográfico visou recolher informação dos pais e dos bebés, tal como idade, relação com a mãe do bebé, idade e sexo do bebé, entre outras; a escala de Escala de Autoestima de Rosenberg, projetada para medir a autoestima, com itens referentes a uma visão positiva de si mesmo e itens referentes a uma visão autodepreciativa; a Escala de Depressão Pós-natal de Edinburgo (EPDS), não sendo uma escala de diagnóstico, é uma medida de humor confiável e válida para o rastreio de depressão ou transtornos de ansiedade no período do pós-parto; e a Escala de Avaliação de Áreas da Vida Conjugal (EASAVIC), cuja intenção é avaliar a satisfação conjugal, através de dois fatores distintos, o funcionamento e o amor. Resultados: a amostra é constituída por 32 sujeitos, do sexo masculino, que foram pais pela primeira vez, com média de idades de 35 anos (M=35.41). Numa primeira análise dos resultados revelou-se a existência de média elevada na escala de Depressão pós-parto de Edinburgh (M=16.75), nesta amostra; as correlações entre a idade do bebé e o total das 3 escalas, não se mostraram significantes. No entanto, e embora não seja significativa, existe uma correlação negativa entre a idade do bebé e a média da Escala de Autoestima de Rosenberg (-.238); no que diz respeito à associação entre escalas e as dimensões destas, a análise correlacional entre as dimensões da EASAVIC e as médias totais das escalas EPDS e RSES, mostrou-se estatisticamente significativa entre: a dimensão Foco no casal e as dimensões Autoestima total (p=.010 r= 450), e Depressão pós-parto total (p=.026 r= -.393); entre a dimensão Foco próprio e as dimensões Autoestima total (p=.001 r= 551) e Depressão pós-parto total (p=.011 r=-445); e ainda entre a dimensão Foco no outro e as dimensões Autoestima total (p=.004 r=-499) e Depressão pós-parto total (p=.003 r=-506). Discussão e Conclusão: As experiências do pós-parto no homem também são caracterizadas por sentimentos positivos e negativos. A média elevada na escala de Depressão revela um grande nível de humor depressivo nesta amostra, estando relacionado com a diminuição da Autoestima e com diminuição do foco na relação conjugal, dificultando a passagem para a parentalidade, diminuindo a satisfação com o papel parental, e criando tensões com a parceira. E este humor depressivo, estando relacionado com o processo da gestação começando nessa fase, salienta o papel importante dos profissionais de saúde. Com a sua ajuda no apoio e capacidade de diagnóstico de perturbações, ainda durante a gravidez, por vezes dificilmente detetáveis, como a depressão.

Abstract Objectives: The present study aimed to understand the dimension of paternal depression after the birth of the first child. The aims of the study are to understand if there are depressive symptoms in men who were recently parents, if they are correlated with the areas of married life, in fields such as sexuality, emotional intimacy. It is also sought to understand if there are correlations between the age of the baby and some factors of the scales applied. Method: Based on the objectives aforementioned, it is an exploratory, cross-sectional study with a quantitative approach. The sample was collected through an online questionnaire, granting the anonymity of all the respondents. The subjects that were the target of this collection were men who had been parents for the first time, and who had babies between the ages of 4 and 18 months. The research protocol consisted of the application of a sociodemographic questionnaire and 3 scales, after an introductory note to explain the respondents the objectives and context of the study. The sociodemographic questionnaire aimed to collect information from parents and babies, such as age, relationship with the baby's mother, age and sex of the baby, among others; the Rosenberg Self-Esteem Scale, designed to measure self-esteem, with items referring to a positive view of self and items referring to a self-deprecating view; the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS), not being a diagnostic scale, is a reliable and valid mood measure for the screening of depression or postpartum anxiety disorders; and the Escala de Avaliação da Satisfação da Vida Conjugal (EASAVIC), whose intention is to evaluate marital satisfaction, through two distinct factors, functioning and love. Results: the sample consisted of 32 male subjects, who were parents for the first time, with a mean age of 35 years (M = 35.41). A first analysis of the results revealed the existence of a high mean in the Edinburgh Postpartum Depression Scale (M = 16.75), in this sample; the correlations between the age of the baby and the total of the 3 scales were not significant. However, although not significant, there is a negative correlation between the age of the baby and the mean of the Rosenberg Self-Esteem Scale (-.238); as regards the association between scales and their dimensions, the correlation between the dimensions of EASAVIC and the total means of the EPDS and RSES scales was statistically significant between: the dimension Focus on the couple and the dimensions self-esteem Total (p = .010 r = 450), and postpartum depression Total (p = .026 r = -393); between the dimension Self Focus and the dimensions Self Esteem Total. (p = .001 r = 551) and depression Total (p = .011 r = -445); and still, between the dimension Focus on the other and the dimensions self-esteem Total (p = .004 r = -499) and postpartum Total depression (p = .003 r = -506). Discussion and Conclusion: Postpartum experiences in man are also characterized by positive and negative feelings. The high mean in the Depression scale reveals a high level of depressive mood in this sample, being related to a decrease in self-esteem and a decreased focus on the marital relationship, making it difficult to move to parenting, reducing satisfaction with the parental role, and creating tensions with the partner. And this depressive mood, being related to the pregnancy process beginning at this stage, underlines the important role of health professionals. With its help in the support and ability to diagnose disorders, still during pregnancy, sometimes difficult to detect, such as depression.