Uso de canabinóides como factor de risco para psicose: que realidade e dimensão?

Abstract

Os canabinóides constituem, actualmente, um dos grupos de substâncias psicoactivasilegais mais procurados, notando-se um aumento na incidência do seu consumo. Múltiplosestudos têm vindo a afirmar uma associação entre a exposição crónica a canabinóides e odesenvolvimento de esquizofrenia. Este artigo de revisão pretende analisar sob uma perspectivageral o panorama forense actual no contexto do consumo de canabinóides, bem como fazer umaabordagem específica àquilo que são as potenciais consequências deste abuso a nívelneuroestrutural, no sentido de determinar se o consumo de canabinóides está associado aalterações neuroanatómicas específicas nos doentes com esquizofrenia.Foram seleccionados artigos de revisão e artigos científicos, sendo que o estudoneuroestrutural se baseou em estudos de ressonância magnética do cérebro de doentes comdiagnóstico de psicose, com e sem consumo concomitante de canabinóides.A literatura actual permite dar-nos conta de um ritmo impressionante de introdução denovas substâncias psicoactivas no mercado, o qual exige vigilância constante e actualizaçãofrequente da legislação.Apesar de não serem totalmente conclusivos, os resultados de neuroimagem apontampara uma perda de volume global e em estruturas específicas, em particular em regiões ricasem receptores CB1 como o cingulum, o córtex pré-frontal e o cerebelo, revelando os doentescom psicose alguma vulnerabilidade no que diz respeito à perda de volume cerebral medianteexposição crónica a substâncias canabinóides.O consumo abusivo crónico de canabinóides está associado a redução do volumecerebral nos doentes com psicose.

Nowadays, cannabinoids are among the most sought illegal psychoactive substances,and their use is still increasing. Multiple studies have pointed out a link between chroniccannabinoid exposure and the onset of schizophrenia. This review aims to, in a generalperspective, explore the current forensic scenery related to chronic cannabinoid exposure, aswell as to make a specific approach to the potential consequences of this abuse on aneurostructural level, in order to determine whether cannabinoid use is associated with specificneuroanatomical abnormalities in psychotic patients.There were selected review articles as well as scientific articles, and the analysis of theneurostructures was based on magnetic resonance imaging studies of the brain of patients whohad been diagnosed with psychosis, with and without parallel use of cannabinoid substances.Current studies make us aware of the impressive rhythm through which newpsychoactive substances are introduced in the market, which demands constant vigilance andfrequent legislation updates.Despite not being absolutely conclusive, results suggest a global volume loss as well asin specific structures, mainly brain areas with high density of cannabinoid receptor 1, such asthe cingulum, the prefrontal cortex and the cerebellum. This indicates that patients withpsychosis might have some vulnerability in terms of cerebral volume loss when chronicallyexposed to cannabinoid substances.Chronic cannabinoid abuse is associated with cerebral volume reduction in patients withpsychosis.