O alisamento artificial dos resultados no setor bancário moçambicano. Uma análise através das provisões para perdas de crédito.

Abstract

Diversos estudos empíricos suportam a hipótese de que os gestores bancários se têm engajado em práticas de alisamento de resultados, usando as provisões para perdas de crédito (LLPs) como instrumento para o alcance desse objetivo. O presente estudo analisa o alisamento artificial de resultados no setor bancário moçambicano e, se os gestores bancários usam as provisões para perdas de crédito como instrumento de alisamento. Analisamos também o uso das provisões para perdas de crédito para efeitos de gestão de capital e sinalização de perspectivas futuras em relação aos resultados do banco por parte dos gestores.A amostra selecionada para o efeito é composta por 12 bancos que operam em Moçambique e o horizonte temporal é de 10 anos, e compreende os exercícios económicos que vão de 31 de Dezembro de 2006 a 31 de Dezembro de 2015.Foram recolhidos os relatórios e contas publicados pelos bancos nesse período para efeitos de obtenção dos dados. O estudo foi executado obedecendo duas abordagens. Numa primeira fase foram identificados os bancos alisadores e não alisadores de resultados com recurso ao coeficiente de variabilidade dos resultados definido por Eckel (1981). Com base no coeficiente de Eckel (1981) foi possível constatar que dos 12 bancos selecionados para o estudo, nove evidenciam indícios de comportamentos de alisamento artificial de resultados.Após a identificação dos bancos alisadores de resultados, com base num modelo estatístico, analisamos a correlação existente entre as provisões para perdas de crédito e as variáveis independentes do modelo. Com base no nosso modelo empírico constatamos que: a hipótese de alisamento de resultados recorrendo à manipulação das provisões para perdas de crédito é rejeitada; a hipótese de gestão de capital, embora com um nível de significância de 10% é confirmada; e não há evidências estatísticas que suportam a hipótese de que os bancos em Moçambique usam as provisões para perdas de crédito para sinalização.

Several empirical studies support the hypothesis that bank managers have engaged in income smoothing practices using loan loss provisions (LLPs) as a tool to achieve this goal. This study analyse artificial income smoothing in the Mozambican banking sector and whether bank managers use the loan loss provisions as a smoothing instrument. We also analyse the use of loan loss provisions for the purposes of capital management and signalling future prospects in relation to the profitability of the bank by the managers.The selected sample for this purpose is composed of 12 banks operating in Mozambique and the time horizon is 10 years, and comprises the fiscal years ended December 31st, 2006 to December 31st, 2015.The financial reports and financial statements published by banks during this period were collected for the purpose of obtaining the data. The study was performed obeying two approaches. In the first stage, smoothing and non-smoothing banks were identified using the coefficient of variability of incomes defined by Eckel (1981). Based on Eckel (1981) coefficient, it was possible to verify that of the 12 selected banks for the study, nine evidences sign of artificial income smoothing behavior.After identifying the income smoothing banks, based on a statistical model, the existing correlation between the loan loss provisions and the model independent variables is analysed. Based on our empirical model we found that: the income smoothing hypothesis through loan loss provisions manipulation is rejected; the capital management hypothesis, although with a significance level of 10%, is confirmed; and there is no statistical evidence to support the hypothesis that banks in Mozambique use loan loss provisions for signalling.