Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/582
Título: A cidade romana de Beja: percursos e debates acerca da "civitas" de Pax Ivlia
Autor: Lopes, Maria da Conceição 
Orientador: Silva, Jorge Nogueira Lobo de Alarcão e
Palavras-chave: Arqueologia romana -- Beja; Prospecção arqueológica -- Beja; Achados arqueológicos -- Beja
Data: 15-Dez-2000
Citação: LOPES, Maria da Conceição - A cidade romana de Beja: percursos e debates acerca da "civitas" de Pax Ivlia. Coimbra : [s.n.], 2000. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/582
Resumo: NOTA PRÉVIA O alargamento das problemáticas arqueológicas, em grande medida devedoras, quer de um novo tipo de diálogo que se estabeleceu entre a arqueologia e as ciências da terra —pedologia, sedimentologia, palinologia, entre outras—, quer da utilização de novas técnicas—foto-interpretação, teledetecção, por exemplo—, exige uma maior objectividade na valorização dos vestígios arqueológicos, enquanto suportes de um discurso de natureza histórica. Uma análise aprofundada não se sustenta apenas em mapas de pontos referenciando locais habitados; a morfologia, as redes viária e hidráulica, por exemplo, e os dados do meio ambiente, constituem outros tantos itens de pesquisa e análise simultânea. É uma exigência de coerência que deve motivar a ligação de um sítio a uma rede. Uma visão do povoamento baseada unicamente sobre a cartografia de pontos não permite antever os sistemas mais complexos que os regem. Ao invés, colocar os sítios em situação relativamente aos caminhos, aos parcelários, às vias, e representá-los segundo a sua forma (e não por intermédio de símbolos), enfim, descrever os tecidos paisagísticos e não apenas os sítios espalhados pela paisagem sem relação directa com o meio, constitui a único método possível de abordar a paisagem urbana e rural como um processo de transformação e não como uma imagem ou sistema de signos. Cientes da dificuldade, ou mesmo incapacidade prática, de desenvolver um trabalho centrado na abordagem de todas as temáticas inerentes ao estudo da civitas de Pax Iulia, e considerando a vasta bibliografia existente, resulta evidente que qualquer decisão relativa ao enfoque temático deste estudo deve ser precedida pela definição muito concreta daquilo que se pretende saber sobre Pax Iulia e do grau de profundidade pretendido para esse conhecimento. Não se satisfará este estudo com o clássico entendimento da civitas como o quadro principal no qual se organiza a vida política e social inscrita em limites que se desenham pelas marcas do raio de influência dos magistrados. É bem verdade que este postulado, vincada a respectiva dimensão temporal, pode considerar-se suficientemente operativo para desenvolver um estudo sobre a civitas; quer-nos parecer, no entanto, que esta linha de raciocínio traduz uma concepção que privilegia na civitas a sua dimensão de espaço e instrumento de poder, opção por norma coincidente com a preocupação em elencar os elementos estereotipados da cidade romana, mas, por isso mesmo, menos atenta aos respectivos elementos de individualização. A civitas não é uma coisa. Nem mesmo um espaço. A civitas é um corpo onde se reconhecem vários espaços—espaço sócio-político, espaço político- administrativo, espaço sócio-cultural, espaço económico, espaço de cultivo, etc.—, cada um deles com a sua escala temporal (a do tempo da sua construção) e os seus ritmos de funcionamento. Mais do que a definição e caracterização da cidade e dos seus campos, que consideramos importante averiguar, interessa-nos sobremaneira o estudo da respectiva interacção, de cujo perfil serão incontornavelmente devedores os contornos tomados por cada um dos espaços atrás aludidos, e, sobretudo, a respectiva articulação. Importa, antes de mais, reconhecer que “toda a experiência é simultaneamente inscrita no espaço e no tempo. O tempo e o espaço estão ligados de forma indivisível enquanto atributos de um objecto ou organização. Pode dizer-se que o espaço era a expressão da memória do tempo, que era tempo solidificado, em particular no duplo processo sedimentação/erosão que a arqueologia observa através das estratificações antropizadas” [FICHES e VAN DER LEEUW, 1990, 505], e que a compreensão do funcionamento da civitas se produzirá de forma tanto mais acertada quanto maior for a capacidade de recolher todo o tipo de documentação—arqueológica e paisagística—e de nela ler os processos perceptivos e cognitivos que são responsáveis pela relação entre o homem e tudo o que o rodeia, ideia que T. Inglot [INGLOT, 1987] prefere designar como apropriação da natureza em lugar de antropização. Num primeiro momento, o território da civitas assume o papel de espaço de inquérito e de espaço de lançamento das problemáticas. Os resultados do inquérito e as conclusões das problemáticas vertidas sobre o espaço territorial permitir-nos-ão depois apreendê-lo como a expressão de um certa forma de exercício do poder e de um determinado modo de vida, nas suas múltiplas espacialidades e temporalidades. O espaço vivido será natural e logicamente o ponto de chegada e não o ponto de partida. É pois com base nestes pressupostos que temos por pertinente configurar o trabalho que aqui se inicia como um esforço analítico susceptível de dar resposta às seguintes questões: que tipo de conhecimento sobre a civitas de Pax Iulia se pode atingir a partir dos vestígios conservados?; poderão esses vestígios revelar-nos o momento da criação da civitas e responder pelo impacte que esta criação provocou no povoamento anterior?; como se estruturou, organizou e equipou a civitas?; quais os modos de exploração dos recursos?
Descrição: Tese de doutoramento em História (Arqueologia) apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/582
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:FLUC Secção de Arqueologia - Teses de Doutoramento

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