Aprender a democracia: Jovens e protesto no ensino secundário em Portugal

Abstract

A partir, fundamentalmente de relatos na imprensa e de entrevistas a alunos do ensino secundário, pretende-se, neste artigo, analisar as três principais mobilizações de protesto dos alunos do ensino secundário em Portugal desde os anos 90: a contestação à Prova Geral de Acesso ao Ensino Superior em 1992 e às Provas Globais em 1994, bem como o movimento contra a Política Educativa e Revisão Curricular no final da década de 90 e início da primeira década de 2000. Procura-se compreender porque protestam os alunos do ensino secundário, quais os motivos e lógicas de justificação invocados, como se organizam e como vêem a sua participação, numa época em que a educação para a cidadania, visando a formação de cidadãos conscientes e participativos, é por demais salientada.

Based primarily on press reports and interviews with secondary school students, this article analyzes the three major protest mobilizations of secondary school students in Portugal since the 1990s: the protest against the General College Entrance Examination, in 1992, and against the Global Examinations, in 1994, as well as the movement against the Educational Policy and Curricular Reform, at the end of the 1990s and the beginning of the first decade of this century. The author seeks to understand the reasons why secondary school students protest, the motives and justifications they invoke, how they organize themselves and view their participation, at a time when education for citizenship is strongly emphasized.

A partir, fondamentalement, des rapports parus dans la presse et des entretiens avec les élèves de l’enseignement secondaire, nous tentons dans cet article d’analyser les trois grandes mobilisations de contestation des élèves de l’enseignement secondaire au Portugal, depuis les années 90 : la protestation contre le concours général d’accès à l’enseignement supérieur en 1992 et contre le concours global en 1994, ainsi que le mouvement contre la politique éducative et la révision des matières à la fin des années 90 et au début des années 2000. Nous cherchons à comprendre pourquoi les élèves de l’enseignement secondaire protestent, quels sont les motifs et les logiques invoqués, comment ils s’organisent et voient leur participation aux mouvements de contestation, à une époque où l’éducation pour la citoyenneté, visant la formation des citoyens conscients et participatifs, est trop mise en avant.