Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/32792
Title: O poder dos media nos conflitos : o caso da Ucrânia
Authors: Krutikova, Iuliia 
Orientador: Freire, Maria Raquel
Keywords: Media; Discurso; Identidade; Agenda-setting; Framing; Relações de poder; Opinião pública; Crise da Ucrânia; Euromaidan; Crimeia.
Issue Date: 20-Sep-2016
Publisher: FEUC
Serial title, monograph or event: O poder dos media nos conflitos : o caso da Ucrânia
Place of publication or event: Coimbra
Abstract: A Teoria Construtivista surgida no contexto do final da Guerra Fria e integrada na quarta geração dos debates das Teorias das Relações Internacionais, procurou trazer novas respostas aos novos desafios que a realidade internacional apresentava, nomeadamente, introduziu a importância da questão da identidade e do poder normativo dos discursos na construção dos significados sociais. Cynthia Weber (2010) avançou com a ideia de que os significados sociais existentes são produzidos e transformados através dos meios de comunicação, o que permite considerar os media enquanto atores relevantes na construção da realidade social. Uma das teorias que estuda o papel dos media na construção da realidade social é a teoria de agenda-setting. Surgida pela primeira vez na obra de Walter Lippmann (1922) e desenvolvida empiricamente nos estudos de Maxwell McCombs e Donald Shaw (1972) identificou o poder dos meios de comunicação para selecionar eventos específicos (problemas, tópicos, eventos) e focar o público na sua importância e assim, informar o público sobre o que pensar e como pensar. O segundo nível da teoria – framing, desenvolvido por Robert Entman, defendia ainda que ao selecionar certos aspetos da realidade e torná-los mais visíveis, os media oferecem ao público a definição e interpretação específica do problema, a avaliação moral e uma possível solução. Portanto, as duas teorias reconhecem o poder discursivo na criação da realidade e dos significados sociais. O presente trabalho tem por objetivo comparar as agendas mediáticas russas e ucranianas no período da Crise da Ucrânia, para perceber o impacto que os media tiveram sobre a opinião pública. Tendo em conta o facto de nestes países se receber informação maioritariamente a partir dos media tradicionais, e a vontade de entender qual foi a imagem da crise construída dentro destes dois países, foram analisados apenas os noticiários dos canais de televisão nacionais. De forma a compreender o impacto do discurso mediático na construção da realidade para estes dois países foram analisadas duas fases principais do conflito, as manifestações do Euromaidan e o caso da Crimeia. Com a aplicação da análise no âmbito da teoria de agenda-setting – framing, olhou-se a evolução do discurso mediático, a linguagem utilizada para caracterizar os atores, eventos e decisões políticas, bem como foram identificados os principais focos, acentos e avaliações dos conteúdos. A análise efetuada com aplicação do método de framing mostrou que os temas presentes nas agendas de ambos os países foram semelhantes, contudo a natureza da leitura, os focos da cobertura e interpretação dos eventos divergiram bastante. A utilização de conceitos como discurso e identidade, analisados no âmbito da teoria construtivista, permitiram identificar as normas que compunham o discurso mediático de ambos os países para legitimar determinadas ações das autoridades, bem como compreender como a realidade construída afetou a identidade nacional russa e ucraniana. Notou-se a utilização da tática discursiva “demonização do outro” pelos media de ambos os países em diferentes períodos de tempo. No que diz respeito à identidade ucraniana, que após a Independência ainda não está completamente formada, o discurso mediático que divergia nos canais nacionais ucranianos teve impacto negativo e no geral favoreceu a ideia da “nação partilhada”. Contudo, com o caso da Crimeia as agendas mediáticas ucranianas criaram a imagem da Rússia enquanto o “agressor externo”, o que pode ser visto como solução temporária para o problema da identidade ucraniana. No caso da Rússia, o discurso mediático afetou positivamente a identidade nacional e confirmou a hipótese sobre as aspirações civilizacionistas e estatistas das autoridades russas. O estudo sublinhou a construção de realidades divergentes sobre os acontecimentos ucranianos pelas agendas mediáticas, bem como identificou a violação dos padrões jornalísticos por ambos os lados. Além disso, a cobertura e a leitura feita pelos media ucranianos e russos sobre os acontecimentos políticos reflete a posição/visão do estado ou das elites, e como resultado, afeta a opinião pública e a objetividade dos eventos transmitidos.
Description: Dissertação de mestrado em Relações Internacionais (Estudos Europeus), apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob a orientação de Maria Raquel Freire.
URI: https://hdl.handle.net/10316/32792
Rights: openAccess
Appears in Collections:UC - Dissertações de Mestrado
FEUC- Teses de Mestrado

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