Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/24011
Título: Azulejos holandeses na Casa do Paço, Figueira da Foz
Autor: Pinto, Inês Maria Jordão 
Orientador: Tedim, José Manuel Alves
Palavras-chave: Azulejos -- Casa do Paço, Figueira da Foz; Casa do Paço, família Melo; Azulejos holandeses
Data: 10-Set-2013
Resumo: A Casa do Paço Nos finais do século XVII, a Figueira da Foz viria a ser o local escolhido por D. João de Melo para construir a Casa do Paço, junto ao rio Mondego. Nas palavras de J. M. dos Santos Simões, nela se encontra uma das maiores coleções de azulejos holandeses de figura avulsa in situ do mundo. Nascido em Évora em 1624, D. João de Melo era filho de D. Jorge de Melo, e de D. Maria Madalena de Távora. Foi Bispo de Elvas entre 1671 a 1673, de Viseu deste ano até 1684 e Bispo-conde de Coimbra desde então a 1704, ano da sua morte. Em 1735 o cónego D. José de Melo e Mendonça, seu sobrinho, institui o morgadio da Figueira, o qual inclui a Casa do Paço, marinhas e terras de cultivo, a favor do seu sobrinho D. Pedro José de Melo Homem. O morgadio passa então de geração em geração até D. Maria José de Melo Menezes e Silva. O seu marido recebe em 1810 o título de 1º Conde da Figueira. Como deste casamento não houve geração, por morte da morgada da Figueira, em 1818, o morgadio passa para D. Miguel António de Melo, que viria a receber o título de 1º Conde de Murça. Herda-o o seu filho D. José Maria de Melo, 2º Conde de Murça, o qual não teve geração, por isso o morgadio passa então para o seu irmão D. João José Maria de Melo, 3º Conde de Murça. Em 1821, Frutuoso José da Silva, um importante negociante de Coimbra, celebra uma escritura de emprazamento do morgadio ao 1º Conde de Murça. Em 1861, através de uma escritura de sub-rogação celebrada com o 3º Conde de Murça, o morgadio passa para a sua posse, sendo definitivamente desvinculado dos bens da família Melo. Poucos anos depois da sua morte, seu filho, o Comendador José António Leite Ribeiro, vende a Casa do Paço a Manuel dos Santos Júnior que em 1881 recebeu o título de 1º Barão do Paço da Figueira. Atualmente o piso nobre é propriedade da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Pelo menos desde os meados do século XIX, este edifício foi o centro da vida social e associativa desta cidade, tendo sido sede, por exemplo, de um Teatro (ca. 1823-1860), da Assembleia Figueirense (1857-1879), do Ginásio Clube Figueirense (1922-1930), da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz (1922-2005), entre outros. Em 1882 o rei D. Luís vem à Figueira da Foz inaugurar a Linha da Beira Alta, tendo a receção à comitiva real decorrido na Casa do Paço. Em 1894, António dos Santos Rocha funda o Museu Municipal, sediado em Casa do Paço, onde esteve até ser transferido para o edifício da Câmara Municipal, em 1899. Azulejos holandeses na Casa do Paço Produzidos em Roterdão, nos primeiros anos do séc. XVIII, na olaria Delftsevaart, não se sabe ao certo como surgem na Casa do Paço. Uma das lendas acerca deste espólio refere a recuperação da carga de uma fragata holandesa que terá arribado ou naufragado junto à foz, em 1706, a qual teria sido posteriormente vendida pela Alfândega, e adquirida pelos proprietários da Casa do Paço. Na Casa do Paço encontram-se quase 6700 azulejos, holandeses, de figura avulsa, a decorar as salas do piso nobre. Sabe-se que a atual sala da receção e a sala do torreão já tiveram azulejos, os quais foram removidos em 1865 pela entidade que à época estava sediada neste piso. Atualmente são 4 as salas onde se podem encontrar esses azulejos, subdivididos em 3 temas: 2 salas com paisagens, 1 sala com temas bíblicos e 1 sala com cavaleiros. Paisagens Os azulejos de paisagens são pintados a azul-cobalto, sendo a cercadura feita por azulejos de cavaleiros, pintados a manganês. Num total de 89 cenas relacionadas com a vida quotidiana e as paisagens da Holanda. Este conjunto é composto por cenas de pastorícia, de pesca, de caça; vistas de portos marítimos e de localidades, entre outros. Para a decoração dos azulejos, os pintores baseavam-se muitas vezes em gravuras que circulavam naquela época, nomeadamente de Anthonie Waterloo ou de Esaias van de Velde, entre outros. Bíblicos Os azulejos bíblicos são pintados a óxido de manganês, e as suas cenas preenchem o centro dos painéis. A cercadura é feita por azulejos de paisagens, pintados a azul-cobalto, tanto para os bíblicos como os cavaleiros. As 61 cenas bíblicas que se podem encontrar na Casa do Paço dividem-se em 25 do Antigo Testamento e 36 do Novo Testamento, as quais estão representadas dentro de um duplo filete circular. A decoração dos cantos destes azulejos é feita com ossenkop, termo holandês para cabeça de boi. Cavaleiros Tal como os azulejos bíblicos, estes são pintados a óxido de manganês. Subdividindo-se em guerreiros e príncipes, a figura central ocupa todo o azulejo, sendo os cantos decorados com spin, termo holandês para aranha ou aranhiço. Mais do que os azulejos bíblicos ou de paisagens, os dos cavaleiros transmitem-nos movimento, ação e até emoção. Uma vez que para estes azulejos o pintor terá utilizado o mesmo desenho em modo de espelho, aquando da sua aplicação o ladrilhador colocou-os de modo a criar um efeito de combate. Assim, nas extremidades encontram-se os príncipes, numa posição quase estática, aumentando o movimento das figuras à medida que se aproximam do meio do painel. Apesar da riqueza histórica deste palácio e da importância do seu espólio azulejar, o legado deste monumento é ainda desconhecido de muitos, sendo mais conhecido no estrangeiro do que em Portugal, situação que esperamos mudar com a realização deste trabalho.
Descrição: Dissertação de mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/24011
Direitos: embargoedAccess
Aparece nas coleções:UC - Dissertações de Mestrado
FLUC Secção de História - Teses de Mestrado

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