Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/23665
Título: Experiências conjugais relacionadas com o risco ou a presença de anomalia fetal
Autor: Nazaré, Ana Bárbara Vicente 
Orientador: Canavarro, Maria Cristina
Data: 12-Dez-2013
Citação: NAZARÉ, Ana Bárbara Vicente - Experiências conjugais relacionadas com o risco ou a presença de anomalia fetal. Coimbra : [s.n.], 2013. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: <http://hdl.handle.net/10316/23665>
Resumo: Enquadramento Durante a gravidez, os casais podem confrontar-se com diversos stressores relacionados com o risco ou a presença de anomalia fetal, entre os quais se incluem, respetivamente, a tomada de decisão sobre a utilização de amniocentese e a interrupção médica da gravidez (IMG) por anomalia fetal. Ambos os acontecimentos apresentam especificidades que os tornam desafiantes: o primeiro é frequentemente inesperado, ocorre num período de tempo limitado e inclui duas alternativas mutuamente exclusivas e irreversíveis que comportam potenciais consequências de grande magnitude (e.g., ocorrência de um aborto espontâneo em resultado da amniocentese, diagnóstico de anomalia fetal); o segundo constitui a perda de uma gravidez tendencialmente desejada em cujo final o casal tem um papel ativo, fruto de um diagnóstico imprevisto, o que pode ser incongruente com os valores e as crenças individuais. O primeiro objetivo do presente trabalho consistiu em compreender o processo de tomada de decisão sobre a utilização de amniocentese, ou seja, avaliar a perceção dos membros do casal sobre este processo (e.g., partilha da tomada de decisão, concordância conjugal) e identificar os fatores (i.e., risco de anomalia fetal, perceções e valores individuais) que influenciam o resultado da decisão. O nosso segundo objetivo passou por compreender a adaptação à IMG por anomalia fetal, explorando as especificidades de género (e.g., estratégias de coping, culpa), a congruência conjugal (e.g., sintomatologia de luto e de trauma) e as influências intraindividuais (e.g., influência da culpa na sintomatologia de luto) e interindividuais (e.g., influência das estratégias de coping do companheiro na sintomatologia de luto da pessoa).   Metodologia Cento e vinte e um casais de idade materna avançada foram avaliados após a primeira consulta de diagnóstico pré-natal (DPN), quanto ao processo de tomada de decisão sobre a utilização de amniocentese (e.g., partilha da tomada de decisão, valores referentes aos exames invasivos de DPN). Quarenta e um casais que experienciaram uma IMG por anomalia fetal foram avaliados um a seis meses após a perda, quanto às estratégias de coping utilizadas e à adaptação a este evento (i.e., culpa, sintomatologia de luto e de trauma). Em ambos os grupos, foram também avaliados dados sociodemográficos e clínicos e a perceção de intimidade conjugal, a qual constitui um recurso pessoal. Resultados A tomada de decisão sobre a utilização de amniocentese foi partilhada pela maioria dos casais e ambos os membros percecionaram níveis elevados de concordância conjugal em relação ao resultado da decisão. A intimidade conjugal potenciou a partilha da tomada de decisão e a concordância conjugal na decisão. Para além do risco de anomalia fetal, os valores referentes aos exames invasivos de DPN (e.g., importância atribuída ao risco de aborto espontâneo associado à amniocentese) de ambos os membros do casal influenciaram a utilização de amniocentese. O impacto da IMG por anomalia fetal traduziu-se numa prevalência elevada de sintomatologia clinicamente significativa de luto – superior entre as mulheres: 32,26% vs. 3,23% entre os homens – e de trauma – 34,15% para as mulheres, 29,27% para os homens e 12,20% em ambos os membros do casal. A maioria dos casais apresentou reações congruentes na sintomatologia de luto e de trauma. A intimidade conjugal associou-se a maior congruência conjugal na sintomatologia de luto, a qual se traduziu em menor intensidade da sintomatologia de luto entre as mulheres. Diversos fatores contribuíram para aumentar a intensidade da sintomatologia de trauma (e.g., culpa) e de luto (e.g., culpa, sintomatologia de trauma, autoculpabilização, coping ativo do parceiro) dos membros do casal.     Conclusões Os nossos resultados acentuam a importância de incluir ambos os membros do casal nas intervenções que foquem os dois stressores em estudo. No caso da tomada de decisão sobre a utilização de amniocentese, é importante promover uma decisão informada, a qual deve ser congruente com os dados médicos relevantes para o casal e com os valores individuais de ambos os membros. Relativamente à IMG por anomalia fetal, a intervenção deve assentar em dois pilares: primeiro, a promoção de um processo de luto adaptativo, através de técnicas cognitivas (e.g., disputa de crenças relacionadas com a culpa) e comportamentais (e.g., contacto com o bebé na altura do parto, adoção de estratégias de coping adaptativas); e segundo, a promoção da aceitação das diferenças entre os membros do casal na forma de gerir este acontecimento, através da psicoeducação e de técnicas comportamentais (e.g., foco nos aspetos positivos do comportamento considerado negativo, autocuidado). Dado que a intimidade conjugal constitui um recurso importante para ambos os grupos, é importante promovê-lo através da aquisição de competências (e.g., escuta ativa, expressão emocional) e da partilha de atividades de lazer e sexuais.
Descrição: Tese de Doutoramento em Psicologia da Saúde apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/23665
Direitos: openAccess
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