A inclusão da Hipnose Clínica no tratamento por Exposição Prolongada da Perturbação de Stresse Pós-Traumático

Abstract

A Perturbação de Stresse Pós-Traumático tem uma longa história, embora tenha ganho destaque durante a primeira Guerra Mundial (Parrish, 2008), tendo o seu estudo sido mais aprofundado ao longo de várias décadas até à sua inclusão com a terminologia que hoje conhecemos no DSM III em 1980 (APA, 2000). A Perturbação de Stresse Pós-Traumático é uma perturbação da Ansiedade que frequentemente se segue a um evento traumático, envolvendo uma ameaça de morte ou um sério perigo, bem como uma ameaça à integridade física do próprio ou de outros (American Psychiatric Association, 2002). Dados apontam para que aproximadamente 60% das pessoas são expostas a pelo menos um acontecimento traumático ao longo da sua vida, sendo que destas, apenas 10% a 20% irão desenvolver uma perturbação (Kessler et. al., 1995). Esta desordem apresenta uma prevalência de 4,8% no sexo masculino e 11,4% no sexo feminino em Portugal (Albuquerque et al., 2003). No que respeita ao tratamento, embora a farmacoterapia seja a mais disseminada, as terapias psicológicas empiricamente sustentadas são as mais eficazes e eficientes. De entre estas, a Exposição é a abordagem psicológica de primeira utilização no tratamento de pessoas com problemas resultantes de uma ou várias situações traumáticas (McLean & Foa, 2011). A presente investigação pretende estudar e comparar dois tipos de tratamentos activos: a Exposição Prolongada, (Foa, et al., 2007) e a Exposição Prolongada com hipnose, este com uma adaptação do Modelo Clínico de Integração Psicológica da Hipnose, (Pires & Ludeña, 2009). Para estes dois tratamentos foram constituídos dois grupos de participantes e um grupo de controlo (grupo em espera), todos eles consituídos por pessoas diagnosticadas previamente como tendo Stresse PósTraumático. Quanto ao tipo de acontecimento traumático, prevaleceram os relacionados com a guerra, havendo igualmente acidentes, catástrofes, mortes de familiares, entre outros. Os dois grupos de tratamentos activos foram comparados com um grupo de controlo em termos de eficácia e eficiência. A amostra clínica final é composta por 48 sujeitos (N=48), distribuídos pelos três grupos investigacionais, sendo estes homogéneos. Todos os participantes cumpriam inicialmente os critérios de diagnóstico para a Perturbação de Stresse Pós-Traumático do DSM-IV (APA, 2002), e para além desta, foram avaliadas as medidas ansiedade, depressão, acontecimentos de vida negativos e sugestionabilidade, esta última, apenas para o grupo de exposição com hipnose. Os resultados evidenciam diferenças significativas na eficácia dos dois tratamentos activos, comparativamente ao grupo de controlo e com as respectivas linhas de base, havendo maior eficiência para o grupo de Exposição prolongada com hipnose (melhorias na 7ª semana Vs 10ª semanas para o grupo de exposição prolongada). Há igualmente melhorias significativas para as medidas de ansiedade e depressão em ambos os tratamentos activos. O grau de sugestionabilidade não apresenta relação com as melhorias obtidas no grupo de exposição prolongada com hipnose. Esta investigação constitui uma evidência empírica de que a hipnose clínica pode constituír um importante coadjuvante no tratamento da Perturbação de Stresse Pós-Traumático, tanto ao nível da eficácia, como também da eficiência.

The Posttraumatic Stress Disorder has a long history, although it has gainded prominence during the first World War (Parrish, 2008). The study of this disorder has grown during several decades until its inclusion in the DSM III in 1980 (APA, 2002) with the terminology that we know today.The Posttraumatic Stress Disorder is an Anxiety Disorder that often follows a traumatic event involving a threat of death or a serious danger and a threat to the physical integraty of self or others (APA, 2002). Some data indicate that about 60% of people are exposed to at least one traumatic event during their life, but only 10% up to 20% will develop a disorder (Kessler et al., 1995). This disorder presents a prevalence of 4.8% in males and 11.4% among woman in Portugal (Albuquerque et al., 2003). In what concernes treatments, despite pharmacotherapy being more disseminated, the empiricaly validated psychological therapies are the more effective and efficients, among them, Exposure is the first psychological approach to use in the treatment of people suffering from one or more trauma situation (McLean & Foa, 2011). This research main aim is to study and compare two types of active treatments, Prolonged Exposure, (Foa, et al., 2007) and Prolonged Exposure with hypnosis, inclusion of hypnosis from the Model for psychological integration of hypnosis, (Pires & Ludeña, 2009). For those two treatments were created two groups of participants and also a third one, the control group (waiting list), all of the groups composed by diagnosed persons with Posttraumatic Stress Disorder. The main traumatic type event was those related to war, but there was also other traumatic events, accidents, disaster, death of family member, among others. Both treatment groups were compared to a control group in effectiveness and efficiency. The sample is composed by 48 subjects (N=48) divided in three almoust homogeneous groups. All participants met diagnostic criteria from DSM-IV for Postraumatic Stress Disorder (APA, 2002) and we also evaluated the measures for post-traumatic stress, anxiety, depression, the negative life events before 12 yeares old, and the suggestibility, only for the group of Prolonged Exposure with hypnosis. The results show significant differences on the effectiveness of the two active treatments compared with the control group, and respective baseline with greater efficiency to the Prolonged Exposure with hypnosis group (improvements at 7th week Vs 10th week for the prolonged exposure group). We found significant improvements to the measures of anxiety and depression in both active treatments. The suggestibility had no relation to the improvements of the prolonged exposure with hypnosis group. This research is a empirical evidence that hypnosis can be an important element in the Posttraumatic Stress Disorder treatment in effectiveness as well as efficiency.