Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/13261
Title: O sentimento ontológico em Gabriel Marcel
Authors: Beato, José Manuel Correia 
Orientador: Silva, Maria Luísa Portocarrero Ferreira da
Keywords: Marcel, Gabriel, 1889-1973 -- obra
Issue Date: 2009
Citation: Beato, José Manuel Correia - O sentimento ontológico em Gabriel Marcel. Coimbra, 2009
Abstract: Em que medida a problemática do sentimento e, em particular, o sentimento de dimensão ou alcance “ontológico” constitui uma chave para a (re)leitura da obra filosófica de Gabriel Marcel? Tal é a pergunta a que visa responder o presente trabalho. Procuramos mostrar como a filosofia existencial marceliana, de carácter dialógico, incidindo no movimento de ascensão e transfiguração espiritual da “existência ao ser”, movimento esse, assente numa metafísica do amor e da esperança, alberga em si, ainda que de modo informulado, a implícita elaboração da noção de “sentimento ontológico”. A prioridade e irredutibilidade concedida à corporeidade e ao “sentir” na sua autodenominada “metafísica sensualista”, a importância dada à sensação-sentimento como receptividade activa e criadora (nomeadamente a nível da experiência estética), a concepção do “coesse” como “união sentida” ao “tu” contingente e absoluto no pensar da intersubjectividade são dados que nos permitem extrair do pensamento de Marcel uma filosofia do sentimento, ainda que latente. Este não poderá ser entendido e tomado na dimensão de afecção subjectiva e contingenciável, mas no alcance supra-psicológicoespiritual que faz dele o fio condutor na transmutação da “participação existencial” de registo trágico, em “participação ontológica”, de carácter “lírico”. No primeiro capítulo, de carácter introdutório, tentamos clarificar o conceito de “sentimento” face às noções conexas e aos vários contextos problematológicos em que emerge no horizonte do pensamento filosófico e científico. Depois, em diálogo com alguns representantes da Filosofia contemporânea de extracção fenomenológica, existencial e hermenêutica (Max Scheler, Mikel Dufrenne, Paul Ricoeur, e Michel Henry) procuramos mostrar a existência de vários níveis da consciência afectiva, e ver como o “sentimento” diferente da “emoção” e do mero “estado afectivo”, se reveste de alcance ontológico, sendo, deste modo, uma categoria útil à reconfiguração da metafísica. Já situados no interior da obra de Marcel, foi nosso propósito examinar como, tanto na identificação dos seus temas de eleição, como na constituição do seu método, o “sentir” e/ou o “sentimento” ocupam um lugar central. A análise da imediação existencial, do corpo-sujeito, da dialógica e do inverificável tornarão patentes a centralidade do “sentir”. O alargamento da noção de experiência, consciência e verdade, intimamente ligados ao desenvolvimento da “reflexão segunda”, permitirão reabilitar e integrar o “sentimento” no processo de ida às coisas e na revelação do sentido, da verdade e do valor do real. A exposição do corpo essencial da filosofia marceliana à luz da dinâmica da participação ontológico-existencial tornará claro como o amor e a esperança, contra-temas da solidão angustiada e do desespero inerentes à experiência do “mundo partido”, se constituem sentimentos de alcance metafísico, geradores de plenitude, sendo legítimo pensá-los e designá-los de sentimentos “ontológicos”. Veremos ainda como o teatro e a música são experiências que, simultânea e reversivelmente, nutrem e manifestam estes dois níveis da realidade, o primeiro pondo em cena a conflituosidade existencial, o segundo deixando ressoar o denso lirismo do amor e da esperança. No final, buscamos salientar o carácter dinâmico e tensional do pensamento marceliano. Trata-se de uma filosofia que, ao longo do seu desenvolvimento, visa diluir num modo superior de compreensão várias antinomias: interior-exterior, actividadepassividade, liberdade-graça, movendo-se entre escolhos de dupla face como o subjectivismo versus objectivismo, ou as oposições clássicas como a do entendimento e do sentimento. É suspensa destes desafios que a “sageza trágica” marceliana pretende constituir-se. E é na charneira destas antinomias que procuramos, pois, dar a ver, hermeneuticamente, a latência do informulado “sentimento ontológico” como um suposto nocional lícito e revelador.
Description: Dissertação de mestrado em Hermenêutica, Linguagem e Comunicação, apresentada à Fac. de Letras da Univ. de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/13261
Rights: closedAccess
Appears in Collections:UC - Dissertações de Mestrado
FLUC Secção de Filosofia - Teses de Mestrado

Files in This Item:
File Description SizeFormat Login
Tese_JMBeato.pdf2.28 MBAdobe PDF    Request a copy
Show full item record

Page view(s) 50

678
checked on Mar 26, 2024

Download(s) 20

942
checked on Mar 26, 2024

Google ScholarTM

Check


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.