ESCREVER O CORPO

Abstract

Este ensaio procura um novo e inédito olhar sobre a poesia de Eugénio de Andrade. Procura demonstrar como o autor questiona e desafia os códigos oficinais de leitura e interpretação da sua poesia, Na sua escrita, a memória e os símbolos, as emoções e as referências culturais, as circunstâncias vividas e os seres humanos, vão sendo entrelaçados por ação de uma palavra que convida o leitor a reencontrar-se e a reconhecer-se num imaginário poético que refaz o mundo. Eugénio de Andrade escreve: “Pego no papel e começo a escrever, abandonando-me perfeitamente ao ritmo das palavras, às próprias palavras. E quando paro volto a reler tudo o que escrevi, e nessa altura há um verso que salta. Pego noutra folha de papel e começo, abro com esse verso que apareceu. Então aí as palavras começam a chamar-se umas às outras, o poema começa realmente a organizar-se e é uma luta, quase corpo a corpo, que dura às vezes horas, a tarde inteira. E se tiver sorte chego ao fim da tarde com um poema, ou assim me parece.”