Relatório de Estágio e Monografia intitulada "Doença Celíaca: Gestão e Papel do Farmacêutico"

Abstract

A Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia sistémica, autoimune, mediada pelo sistema imunitário e despoletada pela resposta inflamatória pela ingestão das proteínas do glúten em indivíduos geneticamente suscetíveiS. A prevalência mundial na população é cerca de 1%, tendo sido observado o seu aumento ao longo dos anos, globalmente. A apresentação clínica da DC é altamente variável incluindo sintomas gastrointestinais, manifestações extraintestinais e casos subclínicos. A doença está associada ao risco de numerosas complicações. No diagnóstico, numerosas pesquisas são destinadas à sua melhor compreensão contribuindo para novas ferramentas de diagnóstico, como a sorologia positiva de anticorpos antitransglutaminase 2 tecidular (anti-TG2), presença de genótipo HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 e atrofia das vilosidades em biópsia duodenal. O único tratamento é a dieta isenta de glúten (DIG), excluindo alimentos contendo glúten. Apesar de eficaz, esta abordagem possui limitações como má absorção de nutrientes, redução de qualidade de vida, elevada carga psicossocial e contaminação cruzada, não contribuindo na remissão da doença. Consequentemente, observa-se um crescente interesse na regulamentação de produtos alimentares sem glúten, assim como interesse na compreensão da fisiopatologia da doença e desenvolvimento de novas terapêuticas farmacológicas. O farmacêutico assume um papel preponderante na adesão da terapêutica, na identificação de medicamentos contendo glúten, assim como em diversas áreas de investigação e novas metodologias, que conduzam a novas terapias farmacológicas eficazes. A relação entre farmacêutico e doença celíaca, pode ser um ponto chave na doença.

Celiac Disease (CD) is a systemic,mimmune-mediated enteropathy triggered by gluten ingestion in genetically susceptible individuals.The worldwide prevalence in the population is around 1%, and its increase has been observed throughout the years. The clinical presentation of CD is highly variable including gastrointestinal symptoms, extraintestinal manifestations and subclinical cases. The disease is associated with the risk of numerous complications. In diagnosis, numerous studies are aimed at a better understanding of this, contributing to new diagnostic tools, such asrequires positive serology of antitissue transglutaminase 2 antibodies (anti-TG2), presence of HLA-DQ2 or HLA-DQ8 genotype, and villous atrophy on duodenal biopsy. The only treatment is the gluten-free diet (GID),excluding gluten-containing foods. Although effective, it has limitations such as malabsorption of nutrients, reduced quality of life, high psychosocial burden and cross-contamination, not contributing to disease remission. Consequently, there is a growing interest in the regulation of gluten-free food products, as well as an interest in understanding the pathophysiology of the disease and the development of new pharmacological therapies. The pharmacist assumes a preponderant role in the adherence to therapy, in the identification of medicines containing gluten, as well as in several areas of investigation and new methodologies, which lead to new effective pharmacological therapies. The relationship between pharmacist and celiac disease may be a key point in the disease.