CIGARROS ELETRÓNICOS NA ADOLESCÊNCIA: QUANDO O LOBO VESTE PELE DE CORDEIRO

Abstract

Introdução: Fumar tem sido uma prática generalizada entre os adolescentes e jovens adultos. Sendo o tabaco um fator de risco para o cancro do pulmão e a doença cardiovascular, em 2007 introduziu-se no mercado uma opção aparentemente mais “limpa”, os cigarros eletrónicos. Estes dispositivos a bateria aquecem uma mistura líquida contendo nicotina e outras substâncias químicas que serão depois inaladas pelo utilizador.Objetivo: Fazer uma revisão narrativa da literatura para caracterizar os cigarros eletrónicos existentes no mercado e as possíveis complicações para os adolescentes e jovens adultos que assumem o uso destes dispositivos como opções mais seguras para fumar. Métodos: Foi feita uma pesquisa sobre o tema dos últimos 10 anos com as palavras “Electronic Nicotine Delivery Systems/adverse effects” com o filtro de adolescentes (13-18 anos) e jovens adultos (19-24 anos), na PubMed®. Foram obtidos 112 artigos, 73 excluídos (com a devida justificação na secção dos Materiais e Métodos). Adicionalmente, foi feita uma pesquisa das referências bibliográficas dos trabalhos selecionados na fase inicial, sendo usado neste artigo de revisão um total 39 referências.Resultados: Os estudos indicam que o uso de cigarros eletrónicos está associado a complicações na saúde respiratória, nomeadamente asma, tosse e expetoração; na saúde oral, nomeadamente cáries, fissuras nos dentes e dor na língua e bochechas; e na saúde cardiovascular, nomeadamente elevação da pressão arterial. Para além destes efeitos, a nicotina presente aumenta a probabilidade de o consumidor passar a fumar cigarro clássico no futuro. Conclusão: Apesar de existirem poucos estudos acerca dos malefícios a longo prazo dos cigarros eletrónicos, estes não devem ser considerados uma alternativa segura para quem fuma; pois várias evidências corroboram riscos para a saúde. Como tal, os clínicos devem prevenir acima de tudo o início do tabagismo no adolescente e do jovem adulto.

Introduction: Smoking has been a widespread practice among adolescents and young adults. Once tobacco is a risk factor for lung cancer and cardiovascular disease, in 2007 a seemingly "cleaner" option was introduced to the market, the electronic cigarettes. These battery-powered devices heat a liquid solution that contains nicotine and other chemicals that will be inhaled by the user.Objective: A narrative review of the literature was aimed to characterize the electronic cigarettes on the market and the possible complications for adolescents and young adults who assume the use of these devices as safer options for smoking. Methods: A search on the topic of the last 10 years with the words "Electronic Nicotine Delivery Systems/adverse effects" with the filter of adolescents (13-18 years) and young adults (19-24 years) was conducted in PubMed®. A total of 112 articles were obtained, 73 were excluded (with due justification in the Materials and Methods section). Additionally, the bibliographical references of the papers obtained initially were reviewed, being used in this paper 39 references. Results: The studies reveal that e-cigarette use is associated with respiratory health complications such as asthma, cough and phlegm; oral health complications like caries, cracked teeth and pain in the tongue and cheeks and cardiovascular alterations particularly elevation of blood pressure. Besides these effects, the nicotine increases the probability that the user will smoke classic cigarettes in the future. Conclusion: Although there are few studies about the long-term harm of electronic cigarettes, they should not be considered a safe alternative for smokers, because several evidence corroborate the health risks. Clinicians should, above all, prevent the initiation of smoking in adolescents and young adults.