Páginas Matinais

Abstract

Páginas Matinais é um projeto de romance ficcional sobre Lia, uma mulher na faixa etária dos quarenta anos, divorciada, sem filhos, moradora da cidade de São Paulo, Brasil, que se vê imersa em um contexto de sobrecarga mental e apatia em relação a seu entorno. Por conta de uma série de ações de bem-estar direcionadas aos funcionários da sua empresa, a personagem se vê levada a escrever páginas matinais, uma espécie de diário escrito pelas manhãs com o intuito de “recuperar a criatividade”. A princípio, ela trata o exercício diário com resistência e displicência; com o passar dos dias, a escrita é incorporada como uma prática de compreensão sobre si mesma em um contexto de mudanças e desafios. A escrita diarística foi escolhida como recurso literário para o romance, na qual a personagem central usa os fatos do seu dia a dia como pano de fundo para abordar temas como trabalho, família e relacionamentos. Ao longo das suas páginas matinais, Lia repensa as suas escolhas, tanto as do passado e quanto as do futuro, redefinindo sua vida. Este estudo, por meio de uma análise do projeto criativo Páginas Matinais, propõe uma discussão sobre como a escrita diarística pode exprimir os anseios de uma mulher contemporânea ao vocalizar seu desejo por romper com as expectativas que uma sociedade ainda machista e patriarcal põe sobre ela. Além disso, será discutido como a pós-modernidade, manifestada no conceito de compressão da relação tempo-espaço contido em Harvey (1990), interfere na escrita e na linguagem de um diário por parte de uma mulher nos dias de hoje acerca de temas como trabalho, família e maternidade.

Morning Pages is a fictional novel project about Lia, a woman in her forties, divorced, childfree, that lives in São Paulo, Brazil, and who finds herself immersed in a context of mental overload and apathy in relation to her routine. Due to a series of well-being actions offered by the company she works for, the character is led to write morning pages, a kind of diary written in the morning, aiming to “recover creativity”. At first, she treats the daily exercise with negativity and negligence; as the days go by, writing is being incorporated as a practice of understanding oneself in a context of changes and challenges. Diary writing was chosen as a literary resource for the novel, in which the central character uses the facts of her day-to-day life as a backdrop to address topics such as work, family and relationships. Throughout its morning pages, Lia rethinks her personal and professional choices, from the past and future, redefining her life. This study, through an analysis of the creative project Morning Pages, proposes a discussion on how diary writing can express the yearnings of a contemporary woman by voicing her desire to break with the expectations that a still sexist and patriarchal society places on her. In addition, it will be discussed how post-modernity, manifested in the concept of compression of the time-space relationship contained in Harvey (1990), interferes in the writing and language of a diary by a contemporary woman on topics such as work, family and motherhood.