Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/106416
Título: O sentimento de vazio: a Perturbação Borderline de Personalidade como estudo de caso
Outros títulos: The feeling of emptiness: the borderline personality disorder as a case study
Autor: Ramos, Berta Rita Martins
Orientador: Guerra, Cátia Sofia Pais Silva
Quartilho, Manuel João Rodrigues
Palavras-chave: perturbação de personalidade borderline; vazio; cultura; religião; filosofia; borderline personality disorder; emptiness; culture; religion; philosophy
Data: 24-Out-2022
Título da revista, periódico, livro ou evento: O sentimento de vazio: a Perturbação Borderline de Personalidade como estudo de caso
Local de edição ou do evento: Centro Hospitalar e Universitário de São João
Resumo: De acordo com diversas doutrinas e circunstâncias, a palavra vazio pode denotar vários sentidos e significados de experiência, o que complica a definição concreta do conceito, não sendo claro se estas descrições refletem a mesma experiência. Esta dissertação pretendeu primeiramente aproximar-se de diferentes perspetivas de experiências de vazio, através de uma revisão histórica e cultural do conceito, recorrendo a textos e obras de autores relevantes para a filosofia, religião, psiquiatria e psicologia. De forma prática, explorou o conceito de sentimento crónico de vazio na Perturbação Borderline de Personalidade, mediante a análise temática de entrevistas semiestruturadas aplicadas a pessoas diagnosticadas com a perturbação, que se encontravam em acompanhamento psiquiátrico no Programa de Intervenção destinado a estes doentes, desenvolvido no Centro Hospitalar e Universitário de São João.Na filosofia existencialista, compreende-se que o vazio da consciência e vida do ser-humano é causador de angústia e medo e salienta-se a sua relação com a alienação social e a descrença espiritual. No cristianismo surge, por um lado, como uma forma de provação e, por outro, como um possibilitador da união com Deus. O budismo, por sua vez, entende o vazio como a ausência total da existência e autoidentidade em relação a todos os fenómenos, proporcionando uma forma de diminuir o sofrimento. De forma divergente, e do ponto de vista clínico, o sentimento de vazio encontra-se patologizado e descrito em diversas perturbações mentais, consistindo num dos critérios de diagnóstico da Perturbação Borderline da Personalidade. Não obstante, as descrições individuais das pessoas que o experimentam é diversa e pessoal. Este estudo qualitativo encontrou que o sentimento crónico de vazio pode ser experienciado como uma sensação de entorpecimento e anestesia emocionais, descrevendo uma forma de viver mecanicamente, sem propósito e sentido na vida, o que traduz a desconexão com o próprio, o mundo e os outros. Associou o sentimento de vazio à ausência de reconhecimento de emoções, à perturbação de identidade e ao afeto negativo. Verificou ainda a possibilidade deste sentimento se apresentar como uma estratégia de gestão de emoções intensas e negativas em certas situações, trazendo à reflexão a eventual utilidade deste sentimento no tratamento destes doentes.O vazio é um termo transversal e heterogéneo, que consegue significações e atribuições díspares, cuja variabilidade depende do uso, contexto e influências culturais, clínicas ou filosóficas, quase como se do mesmo termo não se tratasse. O que parece comum é a ausência de algo, conotada diferentemente.  
According to different doctrines and circumstances, emptiness can have several meanings and expressions, which hinders the accurate definition of the concept. Furthermore, it is not clear whether these descriptions reflect the same experience. This dissertation firstly aimed to approach different perspectives of experiences of emptiness through an historical and cultural review of the concept, using texts and works by authors relevant to philosophy, religion, psychiatry, and psychology. On the second part, the concept of the chronic feeling of emptiness in borderline personality disorder was explored through the analysis of semi-structured interviews applied to people diagnosed with this disorder, who were engaged in the Intervention Program for these patients, created in the São João Hospital and University Centre.In existentialist philosophy, it is understood that the empty consciousness is the cause of anguish and fear for the human being. In christianity, emptiness appears as a form of probation, but also as a way to unite with God and to escape from suffering. On the other hand, buddhism understands emptiness as the total absence of existence and self-identity in relation to all phenomena, providing a way of reducing suffering and achieving a state of clairvoyance. In a divergent way, and from a clinical point of view, the feeling of emptiness is pathologized and described in several mental disorders, consisting of one of the diagnostic criteria for borderline personality disorder in the current diagnostic classifications. Nevertheless, the individual descriptions of people who experience it is diverse and personal.This qualitative study found that the chronic feeling of emptiness can be experienced as an emotional numbness and anesthesia, describing a way of living mechanically, without purpose and meaning in life, which translates a disconnection with the self, the world and the others. A link was made between the feeling of emptiness and the difficulty in recognizing emotions, identity disturbance and negative affect. It was also described as a possible strategy to manage intense and negative emotions in certain situations, bringing to reflection the usefulness of this feeling in the treatment of these patients. Emptiness is a transversal and heterogeneous concept, that has different meanings and attributions, depending on context and cultural, clinical, or philosophical influences, almost as if it was not the same term. What seems common is the absence of something, differently connoted.
Descrição: Dissertação de Mestrado em Psiquiatria Social e Cultural apresentada à Faculdade de Medicina
URI: https://hdl.handle.net/10316/106416
Direitos: openAccess
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