Insuficiência velofaríngea em doentes portadores de fenda lábio palatina

Abstract

Introduction: Cleft lip and palate (CLP) is the most common congenital malformation of the head and neck. After surgical palate closure, velopharyngeal dysfunction (VPD) can arise due to scarring processes of the lip and palate. VPD has implications for phonation, sucking, swallowing, middle ear function, and interpersonal well-being. The treatment of VPD can comprise speech therapy, prosthetic devices, and/or surgery. Prosthetic treatment can be performed with palate elevators in the presence of velopharyngeal incompetence and with pharyngeal obturators in the presence of velopharyngeal insufficiency. The purpose of this study is to evaluate the efficacy of the velopharyngeal obturator in the treatment of VPD.Materials and Methods: After the diagnosis of VPD, individualized pharyngeal obturators were made for each patient. As these patients were undergoing orthodontic treatment, a change was made in the obturator design with the replacement of the Adams hooks by ball hooks. Resonance, audible air emission, the presence of vocal alterations and compensatory articulation disorders were evaluated using an auditory perceptual evaluation method, prior to and at least 1 month after the placement of the pharyngeal obturator.Results: This pilot study included 7 patients, aged between 14 and 20 years old, with cleft lip and palate previously surgically closed. No significant differences were found between the parameters assessed prior and after obturator placement.Discussion: Pharyngeal obturators should be used in the following situations: contraindicated surgical approach, patients who refuse surgical approach and previous surgical failure. Factors such as the follow-up period, patient compliance, the phase of orthodontic treatment and the concomitant implementation of a speech therapy program during the use of the appliance may influence the results of the pharyngeal obturator. Conclusion: The use of pharyngeal obturators in cleft lip and palate patients with velopharyngeal insufficiency and during orthodontic treatment does not show short-term improvements in resonance, nasal air emission, voice and compensatory articulation disorders. However, the new obturator design makes it possible to retain the obturator during the use of fixed appliances.

Introdução: A fenda lábio palatina (FLP) é a malformação congénita mais frequente da cabeça e do pescoço. Após o encerramento cirúrgico da fenda palatina, pode surgir uma disfunção velofaríngea (DVF) devido aos processos cicatriciais do lábio e do palato. A DVF tem implicações na fonação, sucção, deglutição, função do ouvido médio e ainda no bem-estar interpessoal. A terapêutica da DVF pode ser realizada através de terapia da fala, dispositivos protéticos e/ou cirurgicamente. O tratamento protético pode ser realizado com elevadores do palato, no caso de incompetência velofaríngea, ou, no caso de insuficiência velofaríngea, através de obturadores faríngeos. O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia do obturador velofaríngeo no tratamento da DVF.Materiais e Métodos: Após o diagnóstico de DVF, foram confecionados obturadores faríngeos individualizados a cada doente incluído no presente estudo. Como os doentes estavam em tratamento ortodôntico, realizou-se uma alteração no desenho do obturador, com a substituição dos ganchos de Adams por ganchos em bola. A ressonância, a emissão de ar audível, a presença de alterações vocais e de distúrbios de articulação compensatória foram avaliados através de um método de avaliação percetivo-auditivo, previamente à colocação do obturador e pelo menos 1 mês após a sua colocação.Resultados: Este estudo piloto incluiu 7 doentes, com idades entre os 14 e os 20 anos, com fenda lábio palatina previamente encerrada cirurgicamente. Não foram encontradas diferenças significativas entre os parâmetros avaliados antes e após a colocação do obturador.Discussão: Os obturadores faríngeos devem ser utilizados nas seguintes circunstâncias: contraindicação da abordagem cirúrgica, recusa da abordagem cirúrgica pelo doente e insucesso cirúrgico prévio. Fatores como o período de follow-up, a colaboração dos doentes, a fase de tratamento ortodôntico e a realização concomitante de um programa de terapia da fala durante a utilização do aparelho podem influenciar os resultados da utilização do obturador faríngeo. Conclusão: A utilização de obturadores faríngeos em doentes com fenda lábio palatina, com insuficiência velofaríngea e durante o tratamento ortodôntico, não apresenta melhorias significativas a curto prazo na ressonância, emissão de ar nasal, voz e distúrbios de articulação compensatória. No entanto, a alteração no desenho do obturador possibilita a retenção do mesmo durante a utilização da aparatologia fixa.