Particularidades do cancro do pulmão na mulher

Abstract

A neoplasia do pulmão é um problema de saúde major atual, constituindo a principal causa de morte por cancro a nível mundial. A sua prevalência tem vindo a aumentar na mulher e a sua incidência atingiu um plateau nos últimos anos da década de 90, ao contrário do sexo masculino em que a incidência e a prevalência têm vindo a diminuir. O aumento tardio da prevalência da neoplasia do pulmão na mulher pode ser explicado pelo aumento do número de mulheres fumadoras, que se tornou mais evidente a partir da década de sessenta. Concomitantemente, a emancipação da mulher na Segunda Guerra Mundial e o seu maior relevo do ponto de vista profissional, fizeram com que o sexo feminino tivesse uma maior exposição a múltiplos carcinogéneos. A evidência atual foi capaz de cimentar que também existem vários fatores de risco intrínsecos que tornam a mulher mais suscetível de desenvolver a neoplasia, dos quais têm principal importância: níveis aumentados de adutos de ADN, mutações a nível de genes críticos e a sua reduzida capacidade de reparação do ADN. Todos estes fatores têm um papel determinante na evolução da neoplasia, que também apresenta divergências entre sexos. Apesar de não existirem diferenças nos métodos utilizados para estabelecer o diagnóstico, sabe-se que as mulheres são diagnosticadas em idades mais precoces e que existem diferenças entre a sua sintomatologia e a do homem. Contudo, ainda não se encontra bem estabelecido se as mulheres são ou não diagnosticadas em estadios de doença menos avançados. Porém, sabe-se que a resposta à terapêutica, o prognóstico e a sobrevida são superiores no sexo feminino.Os objetivos deste artigo de revisão consistem em aprofundar os variados componentes do cancro do pulmão, analisar onde existem divergências entre sexos e, assim, compreender quais são as particularidades do cancro do pulmão na mulher.

Lung cancer is a modern and major health problem, being the leading cause of cancer-related death worldwide. Its prevalence has been increasing in women and its incidence reached a plateau in the late 1990s, while both its incidence and prevalence have been decreasing in men. The late increase in prevalence of lung cancer in women can be explained by the rising number of female smokers that has become more evident since the 1960s. Simultaneously, since the emancipation of women around World War II and their remarkable professional role, women have been more exposed to multiple carcinogens. The current evidence demonstrates that there are also multiple intrinsic risk factors that make women more susceptible to the development of lung cancer, being the most important the higher levels of DNA adducts, mutations in critical driver genes and their lower DNA repair capacity. This factors have a determinant role in the development of this type of tumour, which has also some divergencies among both genders. Although there aren’t differences on the methods used in diagnosis, it is already known that women are diagnosed at an earlier age and that their clinical manifestations diverge from men’s. However, it is yet to be clarified if women are in fact diagnosed at earlier stages of disease than men. Nevertheless, it has been proven that women have a greater response to treatment, a better prognosis and a higher survival than men. The goal of this study is to analyse the multiple components of lung cancer, to determine its differences between genders and, hence, understand the particularities of lung cancer in women.