Hegemony and Counter-Hegemony in Latin America: ALVA in the Neoliberal World Order

Abstract

A América Latina foi profundamente afetada pela crise financeira durante a década de 1980, caracterizada por alguns observadores, como David Harvey (2005) e Eric Hobsbawm (2016) como um momento revolucionário na história da economia mundial. Esta década é, por um lado, marcada pelo progresso do mundo globalizado e, por outro lado, pela ascensão dos Estados Unidos no exercício de um momento hegemónico. Através de um quadro teórico crítico, neo-Gramsciano, a presente dissertação pretende estudar este momento hegemónico e a reação de alguns países da América Latina através de um estudo de caso focado na Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA). A ALBA é aqui analisada como a expressão de um potencial movimento contra-hegemónico transnacionalizado que teve origem na Revolução Bolivariana Venezuelana. A Revolução Bolivariana inaugurou uma Constituição Nacional participatória que concedeu um papel central à sociedade civil e aos movimentos sociais na vida política Venezuelana, com o propósito expresso de emancipar pessoas “invisíveis” e não representadas, como comunidades indígenas e famílias a viverem em barrios. A ALBA pode ser entendida como a expressão deste movimento contra-hegemónico transnacionalizado que pretende unir a luta dos povos e afirmar que existem métodos alternativos de exercício de poder para além da democracia representativa e, por outro lado, métodos de desenvolvimento para além de modelos neoliberais. Contudo, esta dissertação também argumenta que o bloco histórico contra-hegemónico representado pela ALBA expressa contradições e tensões internas, que colocam em causa o seu projeto. Assim, uma cisão crescente é possível notar entre, por um lado os movimentos sociais que procuram exercer os seus direitos de mobilização e proteção garantidas pelas recentes Constituições e pela própria ALBA e, por outro lado, os governos nacionais centrais, cujos interesses em promover desenvolvimento económico e projetos de infraestruturas frequentemente chocam com os movimentos sociais, nomeadamente no que diz respeito aos custos sociais e ambientais destes projetos. Isto abre a hipótese de que, embora o bloco histórico contra-hegemónico tenha sido fundado na Venezuela e tenha ganhado expressão transnacional através da ALBA, as contradições e tensões entre os movimentos sociais e os países membros da ALBA poderão estar a causar a fragmentação do bloco histórico e, consequentemente, a provocar o enfraquecimento do movimento contra-hegemónico.

Latin America was deeply affected by the debt crisis in the 1980s, a decade characterised by some observers, such as David Harvey (2005) and Eric Hobsbawm (1994), as a revolutionary turning point in the world’s economic history. This decade was also marked by the progress of the globalised world and the rise of the United States hegemonic moment. Within a critical, neo-Gramscian theoretical framework, the present dissertation engages in studying this hegemonic moment and some Latin American countries’ reaction to it, focusing on a case study, the Bolivarian Alliance for the Peoples of Our America (ALBA). ALBA is analysed as an expression of the transnationalised counter-hegemonic historical bloc of social forces which originated through Venezuela’s Bolivarian Revolution. The Bolivarian Revolution inaugurated a protagonistic National Constitution, which gave a central role to civil society and social movements in political life, with the expressed purpose to emancipate the “invisible”, unrepresented people like indigenous communities and families living in barrios. ALBA can be understood as a transnationalised expression of this movement, uniting people’s struggles to affirm there are alternative methods to exercise power other than representative democracy on the one hand and to development other than through neoliberal models on the other. Nevertheless, the present dissertation also argues that the counter-hegemonic historical bloc represented by ALBA expresses internal tensions and contradictions which may compromise the project’s cohesion. The growing tensions and contradictions are especially evident when analysing social movements struggles about the environmental impacts caused by massive infrastructure projects favouring the development of the economy and big corporations. While social movements try to exercise their rights to mobilisation and protection guaranteed by their newly approved protagonistic Constitutions and by ALBA itself, national and transnational corporations, including central governments, may try to subvert social movements voices and engage in infrastructure projects despite its environmental and social cost.This opens the hypothesis that although a counter-hegemonic historic bloc was founded in Venezuela and gained transnational expression through ALBA, the contradictions between the social movements and ALBA member countries may be causing the historical bloc to fracture and, consequently, the counter-hegemonic movement to weaken.