Crédito Comercial nas PMEs Portuguesas: Análise das determinantes e dinâmicas de financiamento na indústria transformadora

Abstract

Este estudo apresenta a análise das determinantes do crédito comercial concedido e recebido num painel de 3.567 PMEs da indústria transformadora em Portugal no período de 2010-2018. Os resultados apresentam-se consistentes com a teoria económica. Empresas de maior dimensão, com maior reputação e com mais instrumentos de financiamento à sua disposição, concedem mais crédito comercial aos seus clientes e, por outro lado, dependem menos do crédito dos seus fornecedores. Igual padrão acontece relativamente a empresas com maior capacidade de gerar fundos internamente. Empresas que apresentam maior crescimento do seu volume de negócios concedem menos crédito aos seus clientes, no entanto, quando enfrentam contração no seu volume de negócios tendem a tornar-se mais flexíveis e oferecer mais crédito comercial aos seus clientes, como forma de alavancar o desenvolvimento do negócio e moderar a quebra de receitas decorrentes de uma maior quebra no volume de negócios, utilizando o crédito comercial como mecanismo de marketing e atuando como mecanismo de discriminação de preços. Situação idêntica acontece relativamente à existência de margens brutas negativas, levando ao aumento do crédito comercial concedido, com o mesmo propósito. No que se refere ao relacionamento entre crédito bancário e o crédito comercial, os mesmos aparentam ser complementares, com as empresas a aumentarem o recurso ao crédito de fornecedores face à maior utilização de crédito bancário, potencialmente por terem já utilizado a maior parte das linhas de crédito à sua disposição. É, assim, possível identificar um efeito de substituição do crédito comercial quando existem fontes alternativas de financiamento disponíveis (externas ou geradas internamente).

This study presents the analysis of the determinants of the trade credit granted and received by a panel of 3.567 manufacturing sectors’ SMEs in Portugal during the period 2010-2018. The results are consistent with economic theory reviewed. Larger companies, with greater reputation and with more financing instruments available, grant more trade credit to their customers and, on the other hand, depend less on the credit from their suppliers. The same pattern applies to firms with greater ability to generate internal resources. Companies that show higher growth in their turnover grant less credit to their customers, however, when they face a declining turnover, firms react by becoming more flexible and offering more trade credit to their customers, used to stimulate sales to stem the fall in their level of operations, using trade credit as a marketing mechanism and acting as a price discrimination mechanism. A similar situation occurs when firms face negative gross margins, leading to an increase in trade credit granted to customers, with the same purpose of gearing up sales. Regarding the relationship between bank credit and trade credit, they appear to be complementary, as firms does not reduce their utilization of supplier credit along with a greater use of bank credit, potentially because they have already exhausted the available credit lines credit at their disposal. Thus, so it was possible to identify a trade credit substitution effect when alternative sources of financing are available (external or internally generated).