Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/100414
Título: O Impacto das Alterações Climáticas nas Doenças Crónicas em Portugal
Autor: Rodrigues, Mónica Alexandra dos Santos
Orientador: Rodrigues, Ana Paula Santana
Rocha, Alfredo Moreira
Palavras-chave: População; Projeções; Alterações climáticas; Modelos não lineares de desfasamento distribuído (DLNM); Portugal
Data: 10-Mar-2022
Local de edição ou do evento: Coimbra
Resumo: A relação entre as alterações climáticas e a mortalidade é sustentada por diversos estudos baseados em análises de séries temporais. Porém, há pouca evidência disponível sobre os impactos com a mortalidade, por causas específicas, atribuível às temperaturas futuras em Portugal, o que limita o conhecimento sobre possíveis efeitos sinergéticos. Esta tese tem como objetivo estimar o efeito da exposição às temperaturas extremas e os impactos futuros que as alterações climáticas podem ter no agravamento das mortes devido a doenças cerebrovasculares e do aparelho circulatório. Para tal, são avaliados os grupos etários com maior suscetibilidade ao risco de morte nas áreas metropolitanas de Lisboa (AML) e do Porto (AMP), através: i) da análise do efeito da temperatura ambiente sobre a mortalidade diária associada a doenças cerebrovasculares; ii) da avaliação do efeito das alterações climáticas na mortalidade futura atribuível à temperatura em doenças do aparelho circulatório; iii) da estimativa do número de óbitos atribuíveis ao clima atual e futuro, segundo grupos de idade (inferior a 65 anos, e superior a 65 anos); iv) da quantificação do impacto das alterações climáticas na mortalidade relacionada com a temperatura, considerando projeções demográficas; v) da avaliação da variação do número de óbitos atribuíveis aos extremos de temperatura nos grupos de idade (0–64, 65–74, 75–84, 85+); e vi) da validação dos dados simulados a partir do modelo Weather Research and Forecasting (WRF). Esta pesquisa revelou que: i) a probabilidade de morte por doença cerebrovascular no Distrito de Lisboa foi 7% mais elevada no inverno do que no verão; ii) A AML apresenta uma tendência significativamente decrescente e proporcional à mortalidade total atribuível às temperaturas baixas nos períodos futuros (2045–2065 e 2081–2099), comparativamente ao período histórico (−0,63%, ICe 95%: −0,7%, −0,52%) e (−0,73%, ICe 95%: −0,81%, −0,61%), respetivamente. Na AMP, os resultados foram semelhantes (−0,62%, ICe 95%: −0,70, –0,52) em 2045–2065 e (−0,69%, ICe 95%: −0,78, −0,58) em 2081–2099, comparativamente ao período histórico. Na AML, a fração atribuível às temperaturas altas apresenta um incremento de 0,08% e 0,23%, desde 0,04% (ICe 95%: 0,00%, 0,07%) no período histórico até 0,11% (ICe 95%: −0,01%, 0,22%) no período 2046–2065, e de 0,27% (ICe 95%: −0,02%, 0,54%) no período 2081–2099. Na AMP, ainda que as alterações causadas pelas temperaturas no verão não sejam percetíveis, observou-se um aumento significativo das temperaturas no inverno: 1,27% (0,88%, 1,52%) e 2,80% (1,63%, 3,44%). iii) Na AML, verifica-se uma diminuição da mortalidade relacionada com o frio extremo na ordem de 0,55% e 0,45% para 2051–2065 vs. 1991–2005 e 2085–2099 vs. 1991–2005, respetivamente. A mortalidade relacionada com o calor extremo é mais elevada no grupo +65 anos do que no grupo <65 anos, nomeadamente 2,22% vs. 1,38% para 2085–2099, comparativamente ao período histórico. Na AMP, há uma diminuição da mortalidade relacionada com o frio na ordem de 0,31% e 0,49% para 2051–2065 e 2085–2099, comparativamente ao período 1991–2005. Apenas o grupo +65 anos evidencia impactos significativos com a mortalidade relacionada com as temperaturas mais elevadas, havendo uma subida do excesso de mortalidade associada com o calor de 0,23% em 2051–2065 para 1,37% em 2085–2099, comparativamente ao período histórico. iv) As variações foram atribuídas ao frio moderado no futuro. As projeções apresentam um agravamento consistente e significativo dos impactos futuros com a mortalidade associada ao calor. v) O grupo +85 anos é mais afetado pelas temperaturas baixas (Fração atribuível=13,8%; IC 95%: 11,5–16,0%) e pelo calor, com valores de 8,4% (IC 95%: 3,9%; 2,7%), sobretudo ao calor extremo: 1,3% (IC 95%: 0,8–1,8%). vi) A validação dos dados simulados de temperatura evidencia a validade científica dos modelos utilizados nesta tese de doutoramento que podem assim ser utilizados em projeções futuras. Este trabalho pressupõe que as políticas de saúde pública devem focar-se na prevenção da mortalidade atribuível a temperaturas moderadamente elevadas/baixas, e não apenas na mortalidade relacionada com temperaturas extremamente elevadas/baixas, tanto no presente como no futuro. As projeções e a cenarização dos efeitos futuros dos extremos de temperatura na saúde devem ter em conta o processo demográfico, que constitui um fator-chave dinâmico a ser considerado nos planos de prevenção. Assim, assegura-se a credibilidade da informação utilizada na elaboração de medidas com vista à adaptação e ao desenvolvimento de políticas nacionais de saúde pública em matéria de alterações climáticas.
Descrição: Tese de Doutoramento em Geografia, ramo de Geografia Humana, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/100414
Direitos: embargoedAccess
Aparece nas coleções:UC - Teses de Doutoramento
FLUC Geografia - Teses de Doutoramento

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