Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/100390
Título: Risco e Experiência de Viver com a Infeção por VIH: correlatos da perceção de risco de infeção por VIH e do ajustamento de casais serodiscordantes
Autor: Martins, Alexandra Fernandes Rodrigues Simões
Orientador: Pereira, Marco Daniel de Almeida
Canavarro, Maria Cristina Cruz Sousa Portocarrero
Palavras-chave: Infeção por VIH; Perceção de risco de infeção por VIH; Escala de Risco Percebido de Infeção por VIH; População geral; Serodiscordância para o VIH; Casais
Data: 24-Mar-2022
Projeto: SFRH/BD/100117/2014 
Local de edição ou do evento: Coimbra
Resumo: Introdução No contexto da prevenção do VIH, a perceção de risco de infeção por VIH tem revelado um papel significativo. Medidas mais compreensivas deste constructo são essenciais para melhorar o conhecimento sobre o mesmo. A Escala de Risco Percebido de Infeção por VIH (ERP-VIH) é uma medida reconhecida como preenchendo várias lacunas reportadas na literatura, contudo, não se encontra validada no contexto português. Além disso, apesar dos diversos estudos focados nos fatores associados à perceção de risco, do nosso conhecimento, nenhum foi conduzido no nosso país e nenhum analisou os fatores psicológicos. Os casais serodiscordantes para o VIH, que enfrentam desafios únicos (incluindo reprodutivos), têm também sido considerados uma prioridade para a prevenção. Em Portugal, não se conhece o seu ajustamento psicológico e diádico e, não só no nosso país, mas também a nível internacional, continuam a faltar estudos que compreendam o papel de variáveis interpessoais (vinculação e coping diádico) no seu ajustamento e os seus desejos/intenções de fertilidade. Esta compreensão poderá ter um impacto importante no desenho de intervenções mais especializadas. Com este enquadramento, os principais objetivos deste trabalho foram: (1) validar a versão portuguesa europeia da ERP-VIH para a população geral e obter uma visão compreensiva da perceção de risco de infeção por VIH nesta população (fase I); (2) compreender as consequências da serodiscordância em relação ao seu impacto no ajustamento psicológico e diádico, explorando o papel de recursos interpessoais, como a vinculação e o coping diádico (fase II); e (3) sintetizar o conhecimento atual sobre os desejos/intenções de fertilidade (prevalência e fatores associados) de indivíduos em relações serodiscordantes (fase III). Metodologia Este trabalho de investigação envolveu três fases e incluiu cinco estudos – quatro estudos empíricos e transversais e uma revisão sistemática da literatura. Na fase I, o estudo empírico I incluiu 917 indivíduos da população geral e um subconjunto desta amostra de 445 indivíduos bem como 42 indivíduos VIH-negativos em relações serodiscordantes. O estudo empírico II envolveu 902 indivíduos da população geral sexualmente experientes. Na fase II, os estudos empírico III e IV incluíram, respetivamente, 36 e 44 casais serodiscordantes. Os participantes completaram questionários de autorresposta que, além de recolherem dados sociodemográficos e da história sexual, avaliaram, na fase I, o conhecimento sobre o VIH e a profilaxia desta infeção, o teste ao VIH, a perceção de risco de infeção por VIH e os processos de regulação emocional. Na fase II, ambos os membros do casal foram avaliados quanto ao ajustamento psicológico (sintomas ansiosos e depressivos) e diádico e coping diádico. Em ambas as fases, a vinculação foi medida. Na fase III, foi realizada uma revisão sistemática dos estudos empíricos, com indivíduos em relações serodiscordantes, a avaliarem a prevalência dos desejos/intenções de fertilidade e/ou os fatores associados. Resultados Os resultados da fase I revelaram que a versão portuguesa europeia da ERP-VIH é uma medida fiável e válida, sendo de destacar que a validade de grupos conhecidos desta medida foi suportada, com os indivíduos VIH-negativos em relações serodiscordantes a reportarem uma maior perceção de risco de infeção por VIH do que os indivíduos da população geral. Diferentes fatores associaram-se a uma maior perceção de risco: identificar-se como gay/lésbica/bissexual, não insistir na utilização de preservativos, ter um maior número de parceiros(as) sexuais, usar a Internet para encontrar parceiros(as), ter tido uma doença sexualmente transmissível, ter sexo oral/anal e testar para o VIH. Fatores psicológicos (representações de vinculação e processos de regulação emocional) também tiveram impacto no risco percebido. No geral, os principais resultados na fase II foram: (a) os membros dos casais serodiscordantes apresentaram resultados semelhantes de ajustamento psicológico e diádico; (b) os indivíduos com uma vinculação evitante (efeitos individuais) e os(as) parceiros(as) VIH-positivos(as) numa relação com parceiros(as) ansiosos(as) (efeitos cross-partner) revelaram níveis mais baixos de ajustamento psicológico e diádico e de coping diádico; e (c) para ambos os membros do casal, foram encontrados vários efeitos individuais e cross-partner positivos do coping diádico conjunto nas diferentes dimensões de ajustamento diádico. Por fim, os estudos incluídos na revisão sistemática indicaram que muitos indivíduos em relações serodiscordantes desejam/tencionam ter filhos. Fatores como ser mais novo(a) e ter um menor número de filhos/não ter filhos, associaram-se, consistentemente, a maiores desejos/intenções de fertilidade. Conclusões Os resultados deste trabalho realçam a importância da avaliação da perceção de risco de infeção por VIH bem como do ajustamento dos casais serodiscordantes e dos seus desejos/intenções de fertilidade no planeamento de intervenções relacionadas com a prevenção. Eles providenciam uma medida adequada, a ERP-VIH, para identificar aqueles que se consideram em risco de infeção (com/sem risco identificado) no contexto português e revelam que os fatores que se associam ao risco percebido são multidimensionais, com a análise dos fatores psicológicos a oferecer insights inovadores sobre a formação das perceções de risco. Este trabalho destaca que os casais serodiscordantes podem beneficiar de informação/recursos que vão ao encontro dos seus desejos/intenções de fertilidade e de intervenções focadas na vinculação e no coping diádico para melhorar o seu ajustamento, com os efeitos cross-partner encontrados a relembrar a natureza eminentemente relacional do VIH e a importância de se avaliarem ambos os membros do casal.
Background In the context of HIV prevention, the risk perception of HIV infection has revealed a significant role. More comprehensive measures of this construct are essential to increase the knowledge on the subject. The Perceived Risk of HIV Scale (PRHS) is recognized as a measure that fills in various gaps reported in the literature; however, it is not validated in the Portuguese context. Moreover, despite the several studies focused on the factors associated with risk perception, to our knowledge none was carried out in our country, and none examined the psychological factors. The HIV-serodiscordant couples, who face unique challenges (including reproductive), have also been considered a priority for prevention. In Portugal, their psychological and dyadic adjustment is not known, and not only in our country but also at the international level, there are studies that are still missing, and which comprehend the role of interpersonal variables (attachment and dyadic coping) in their adjustment, and their fertility desires/intentions. This understanding may have an important impact on the design of more specialized interventions. With this background, the main aims of this work were: (1) to validate the Portuguese European version of the PRHS for the general population and to obtain a comprehensive outlook on the risk perception of HIV infection in this population (phase I); (2) to understand the serodiscordancy consequences in relation to their impact on the psychological and dyadic adjustment, exploring the role of interpersonal resources, such as attachment and dyadic coping (phase II); and (3) to synthesize the present knowledge about the fertility desires/intentions (prevalence and associated factors) of the individuals in serodiscordant relationships (phase III). Methods This research work involved three phases and included five studies – four empirical and cross-sectional studies and a systematic revision of the literature. In phase I, empirical study I included 917 individuals of the general population and a subgroup of this sample of 445 individuals as well as 42 HIV-negative individuals in serodiscordant relationships. Empirical study II covered 902 individuals of the general population sexually experienced. In phase II, empirical studies III and IV included 36 and 44 serodiscordant couples, respectively. The participants completed self-reported questionnaires that, not only collected sociodemographic and sexual history data but also assessed, in phase I, knowledge about HIV and the prophylaxis of this infection, HIV testing, risk perception of HIV infection, and emotional regulation processes. In phase II, both members of the couple were assessed on their psychological (anxious and depressive symptoms) and dyadic adjustment, and dyadic coping. In both phases, attachment was measured. In phase III, a systematic revision of empirical studies, with individuals in serodiscordant relationships, assessing the prevalence of fertility desires/intentions and/or associated factors was conducted. Results The results of phase I revealed that the Portuguese European version of the PRHS is a reliable and valid measure, highlighting the fact that the known-groups validity of this measure was supported, with the HIV-negative individuals in serodiscordant relationships reporting a higher risk perception of HIV infection than the general population individuals. Different factors were associated with a higher risk perception: self-defining as gay/lesbian/bisexual, not insisting on using condoms, having a higher number of sexual partners, using the Internet to find partners, having had a sexually transmitted disease, having oral/anal sex and testing for HIV. Psychological factors (attachment representations and emotional regulation processes) also had impact on perceived risk. In general, the main results in phase II were: (a) the members of serodiscordant couples presented similar psychological and dyadic adjustment outcomes; (b) the individuals with an avoidant attachment (individual effects) and the HIV-positive partners in a relationship with anxious partners (cross-partner effects) revealed lower psychological and dyadic adjustment, and lower dyadic coping levels; and (c) for both members of the couple, various positive individual and cross-partner effects of common dyadic coping on the different dimensions of dyadic adjustment were found. Finally, the studies included in the systematic revision indicated that many individuals in serodiscordant relationships desired/intent to have children. Well-known factors, such as being younger and having fewer children/not having children, consistently associated with increased fertility desires/intentions. Conclusions The results of this work emphasize the importance of the assessment of the risk perception of HIV infection as well as of the adjustment of serodiscordant couples and of their fertility desires/intentions in the planning of prevention interventions. They provide a suitable measure, the PRHS, to identify those who are considered at risk of infection (with/without identified risk) in the Portuguese context and reveal that the factors that are associated with perceived risk are multidimensional, with the psychological factors analysis providing innovative insights about the formation of risk perceptions. This work underlines that the serodiscordant couples may benefit from information/resources that correspond to their fertility desires/intentions, and from interventions focused on attachment and dyadic coping to improve their adjustment, with the found cross-partners effects recalling the inherent relational nature of HIV infection and the importance of assessing both members of the couple.
Descrição: Tese de Doutoramento em Psicologia, especialidade em Psicologia da Saúde, apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/100390
Direitos: embargoedAccess
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