De que forma as relações nos transformam?: Um estudo empírico sobre a ligação entre a qualidade relacional e o falso self e o papel moderador da depressão

Abstract

A presente investigação pretende analisar o impacto das nossas relações no modo como pensamos, sentimos e agimos. Mais especificamente, pretende examinar se existe uma ligação entre a qualidade das nossas relações, medida através dos padrões de vinculação, e a manifestação de um falso self, e se essa relação é mediada pela depressão. Para tal, num primeiro momento, realizou-se uma revisão da literatura, dando especial atenção à teoria da vinculação e aos estudos que a tomaram como um ponto de partida, para explorar o impacto da relação nas diferentes esferas da vida (personalidade, amor/sexualidade, trabalho). Neste contexto, importa, especialmente, o modo como a vinculação influencia a regulação emocional, tema de particular relevância quando se quer compreender a manifestação de um falso self. Procedeu-se, depois, à realização de um estudo com 249 participantes de nacionalidade portuguesa, com idades entre os 18 e os 75 anos (M=31,5; DP=10,3).Concluiu-se que, à medida que avançamos do padrão de vinculação seguro para o evitante e do evitante para o ambivalente/ansioso, há um aumento nas manifestações de falso self. De igual modo, quanto maiores os níveis de depressão, maior o falso self registado. Contudo, a depressão não tem um efeito moderador da relação entre os padrões de vinculação e o falso self. Ainda assim, o padrão de vinculação ansioso é o que regista maiores níveis de depressão e de falso self. Podemos, então, afirmar que as relações que estabelecemos nos transformam, podendo conduzir-nos à utilização de uma máscara social como o falso self.

The present investigation aims to understand the influence of our relationships in the way we think, feel and act. Namely, it wants to examine if there is any connection between the quality of our relationships, addressed through attachment patterns, and the development of a false self, and if that link is mediated by depression. In order to do so, we, first, did a literature review, focusing specially in attachment theory and in the studies that, based upon it, show the impact of relationships in different areas of life (such as personality, love/sexuality, work). In doing so, we paid special attention to the way attachment affects emotional regulation, which is a really important concept/process, if we want to understand the manifestation of a false self. We, then, conducted a study with 249 Portuguese participants, aged 18 to 75 years old (M=31,5; SD=10,3). We concluded that, as we move from the secure attachment pattern to the insecure-avoidant pattern and from this one to the insecure-ambivalent/anxious pattern, there is an increase in false self manifestations. Equally, the bigger the levels of depression, the bigger the false self registered. However, depression doesn’t have a moderating effect of the relationship between attachment patterns and false self. Nevertheless, the anxious pattern is the one with the biggest levels of depression and false self. We can claim that the relationships we establish do transform us, leading us, in some cases, to the use of a social mask, such as the false self.