Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/99268
Title: A Ordem do Templo em Portugal: homens, património e poderes
Authors: Nobre, Rui Manuel Figueiredo
Orientador: Silva, Saúl António Gomes da
Keywords: Ordem do Templo; Templários; Prosopografia; Cadastro da propriedade; Comendas templárias
Issue Date: 3-Feb-2022
metadata.degois.publication.location: Viseu
Abstract: Partindo da revisitação de um conjunto de documentos, maioritariamente escritos entre os séculos XII e XIV, procurou-se abraçar novas perspetivas e aprofundar algumas ideias existentes sobre a Ordem do Templo em Portugal. Na primeira parte, apresenta-se, de forma genérica, o universo humano da Ordem (processo de recrutamento, número de indivíduos, origem socioeconómica e estrutura hierárquica), procedendo-se, em seguida, ao estudo prosopográfico dos templários elencados, desde os mestres aos sergentes passando pelos cavaleiros, entre os quais se encontram os vários comendadores. Não foram esquecidos os clérigos que prestaram serviço à Ordem nem aqueles que, como confrades, irmãos ou terceiros templários, entre os quais o primeiro monarca português, contribuíram, de acordo com as suas posses, ou com os seus interesses, para apoiar o esforço de guerra na Terra Santa e em Portugal e, desta forma, obterem proteção terrena e graça divina. Segue-se, uma segunda parte em que se faz o levantamento do cadastro da propriedade urbana e rural. Não obstante uma atuação inicial discreta, pautada por um reduzido número de cavaleiros, a presença templária no espaço português começa a ser particularmente notada a partir da década de 40 do século XII. Por esta altura dá-se início a uma enorme acumulação de bens, assentes em doações laicas (algumas régias) e, menos frequentemente, eclesiásticas, compras e escambos, procurando, sempre que possível, promover unidades territoriais, visíveis na cartografia das onze dioceses medievais consideradas. Estes bens, dispersos um pouco por todo o território a norte do rio Tejo, concentrar-se-ão, principalmente, na região centro, sobretudo ao longo do curso médio tagano e na região da Beira interior, onde a fronteira com o islão e com os castelhano-leoneses, pelo menos até o Tratado de Alcanizes, era ainda instável. Constata-se que a maior parte das doações são prédios rústicos, onde predomina a atividade agrícola, desde pequenas unidades de produção - almuinhas, leiras, cortinhais, chãos, várzeas, onde se plantam vinhas, olivais, pomares e searas - a grandes hereditates, reminiscências das antigas villae romanas, divididas agora em múltiplos casais. Na cidade, as doações são sobretudo casas e tendas, arrendadas a particulares e a mercadores que as exploravam. Mais para o litoral, a doação de salinas marinhas e de minas de sal-gema revelam a importância que o sal tinha na vida das populações e na economia da Ordem. Na terceira parte do trabalho, aborda-se a forma como os indivíduos estudados, donos de vastos territórios, concentrados ou dispersos, exerceram o seu poder senhorial e dominial. Em Portugal, como decerto noutros reinos, os freires templários procuraram rentabilizar a sua propriedade e os seus direitos senhoriais, com o objetivo maior de contribuírem para o provimento das despesas da Terra Santa. Para o conseguir, nos espaços doados pela coroa, nobres, clérigos e herdadores, construíram os seus castelos, torres e atalaias, garantindo uma segurança acrescida às populações. Procederam a arroteias e desenvolveram economicamente as regiões. Implantaram as suas comendas e exploraram-nas recorrendo a frères casaliers e a trabalhadores assalariados. Nos senhorios e domínios, onde a sua ação se fazia sentir com mais acuidade, como no caso da das Beiras onde a Ordem foi beneficiada com vastas extensões territoriais (herdades de Açafa e Cardosas), ou em zonas mais reduzidas, como nos casos de Tomar, Pombal e Soure, os cavaleiros do Templo de Salomão exerceram o poder político e administrativo sobre os que lhes estavam mais próximos. As suas cartas de foral exigiam dos seus dependentes o pagamento dos foros e estabeleciam os direitos e deveres a que ficavam sujeitos, comportando-se, desta forma, como os demais senhores do seu tempo. Nalguns casos alienaram a exploração direta dos seus bens estabelecendo contratos enfitêuticos, normalmente pelo prazo de uma ou duas vidas. Nas igrejas de que eram patronos, espalhadas pelas várias paróquias, cobraram os respetivos dízimos, fonte de rendimento a somar a tantas outras, direito nem sempre aceite pelos bispos diocesanos, com os quais os templários se envolveram em conflitos, muitos deles, re-solvidos graças à intermediação papal, entidade máxima a quem competia a última palavra.
Starting from revisiting a set of documents, mostly written between the 12th and 14th centuries, we sought to embrace new perspectives and deepen some existing ideas about the Order of the Temple in Portugal. In the first part, the Order's human universe is presented generically (the recruitment process, the number of individuals, its socioeconomic origin and hierarchical structure), followed by the prosopographic study of the Templars listed, from the masters to the sergeants including the knights, among whom the various commanders can be found. The clergymen who served the Order and those who as confreres, brothers or third Templars, including the first Portuguese monarch, contributed to support the war effort in the Holy Land and in Portugal according to their means or their interests and thus obtain earthly protection and divine grace. This is followed by a second part in which the registration of urban and rural property is surveyed. Notwithstanding a discreet initial performance, guided by a small number of knights, the Templar presence in Portugal began to be particularly noticeable from the 1140s onwards. At this time, an enormous accumulation of goods began, based on secular (some royal) and less often ecclesiastical donations, purchases and exchanges, seeking whenever possible to promote territorial units: This is visible in the cartography of the eleven medieval dioceses under consideration. These properties, spread out a little throughout the territory north of the Tagus River, will be mostly concentrated in the central region, especially along the mid-Tagan region and in the Beira Interior, where the border with Islam and with Castilian-Leoneans, at least until the Treaty of Alcañices, was still unstable. It appears that most of the donations were rustic buildings, where agricultural activity pre-dominates, from small production units – almuinhas [small enclosed fields], leiras and cortinhas [small plots of farmland], floors, floodplains, where vines, olive groves, orchards and crops are planted – to great heredities, reminiscent of the ancient Roman villas, now divided into multiple hamlets. In the city, donations were mainly houses and tents, leased to private individuals and merchants who used them to make their living. Further to the coast, the donation of sea salt and rock salt mines reveal the importance that salt had in the lives of the populations and in the economy of the Order. The third part of this work deals with the way in which learned individuals, owners of vast territories, whether concentrated or dispersed, exercised their manorial and dominion power. In Portugal, as certainly in other kingdoms, the Templar friars sought to monetize their property and their lordship rights, with the main objective of contributing to providing for ex-penses in the Holy Land. To achieve this, in the spaces donated by the crown, nobles, clerics and inheritors, built their castles, keeps and watchtowers, ensuring increased security for the populations. They proceeded to cultivate and economically developed the regions. They implanted their commendations and capitalized on them using casalier brothers and salaried workers. In properties and dominions, where their action was felt most acutely, as in the case of the Beiras, where the Order benefited from vast territorial extensions (the estates of Açafa and Car-dosas), or in smaller areas, as in the cases of Tomar, Pombal and Soure, the knights of the Temple of Solomon exercised political and administrative power over those closest to them. Their charters demanded the payment of court fees from their dependents and established the rights and duties to which they were subject, thus behaving like other lords of their time. In some cases, they ceded direct control of their assets establishing lease contracts, usually for a period of one or two lives. In the churches for which they were patrons, spread over the various parishes, they charged their tithes. This was a source of income to add to so many others, a right not always accepted by diocesan bishops, with whom the Templars became involved in conflicts. Many of these were resolved thanks to intermediation by the pope, the highest authority with the last word on such issues.
URI: https://hdl.handle.net/10316/99268
Rights: embargoedAccess
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FLUC Secção de História - Teses de Doutoramento

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