Relatório de Estágio e Monografia intitulada "A Melatonina e os Transtornos do Espetro do Autismo"

Abstract

Na fase final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, surge a Unidade Curricular de Estágio Curricular com o objetivo de aplicar, em contexto prático e real, os conhecimentos apreendidos até então na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e de estabelecer um primeiro contacto entre o Estudante e a realidade profissional farmacêutica. O meu estágio em Farmácia Comunitária realizou-se na Farmácia Gaspar entre 11 de janeiro e 30 de abril, sob orientação da Dra. Ana Rita Rodrigues. Adicionalmente, o meu estágio em Indústria Farmacêutica realizou-se na Bluepharma entre 3 de maio e 30 de julho, sob orientação da Dra. Sandra Almeida. No presente documento encontra-se representada a minha reflexão, em análise SWOT (do inglês Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats), relativa aos dois estágios. A Monografia tem como título “A Melatonina e os Transtornos do Espetro do Autismo”. Os Transtornos do Espetro do Autismo, enquanto patologia de foro mental, têm vindo a adquirir uma maior preponderância a nível mundial quer em prevalência quer enquanto alvo de estudo científico. Recentemente reconhecido como patologia independente, o Autismo manifesta-se tendencialmente nos primeiros anos de vida e de forma preferencial em indivíduos do sexo masculino. A sua manifestação mais comum pressupõe um declínio na comunicação e na interação social, bem como uma permanência de comportamentos estereotipados e repetitivos, embora, muitas vezes, coexista com outra sintomatologia e comorbilidades associadas. O diagnóstico dos Transtornos do Espetro do Autismo contempla inúmeros critérios associados aos seus principais domínios de manifestação sintomática e a intervenção terapêutica deve ser avaliada e aplicada de forma individualizada. A maioria dos doentes autistas sofre de distúrbios do sono, pelo que o seu tratamento é fundamental. A Melatonina é uma hormona endógena responsável pela regulação do ciclo circadiano e a sua síntese é deficitária em alguns doentes autistas. Posto isto, a sua suplementação pode ser necessária a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida. Os benefícios da Melatonina são bastante vastos, além do seu óbvio efeito regulador do sono. Em crianças com Transtornos do Espetro do Autismo, não existe nenhuma terapêutica aprovada a nível regulamentar para tratar os distúrbios de sono, sendo prescritas terapêuticas off-label mais agressivas, nomeadamente ansiolíticos e antidepressivos. A Melatonina tem-se demonstrado uma alternativa eficaz e segura no tratamento da insónia em crianças autistas, especialmente sob formas farmacêuticas de libertação prolongada, de forma a mimetizar o seu perfil endógeno. A Melatonina Pediátrica de Libertação Modificada foi criada com o propósito de minimizar a não adesão à terapêutica associada à deglutição de comprimidos no seio da população pediátrica. Recentemente, foram realizados alguns estudos para avaliar a viabilidade, a segurança e a eficácia da administração de Melatonina de libertação modificada em crianças autistas a curto e a longo-prazo.

In the final phase of the Integrated Master in Pharmaceutical Sciences, the Curricular Unit of Curriculum Internship appears with the aim of applying, in a practical and real context, the knowledge learned so far at the Faculty of Pharmacy of the University of Coimbra and establishing a first contact between the Student and the professional pharmaceutical reality. My internship in Pharmacy took place at Farmácia Gaspar between January 11th and April 30th, under the supervision of Dr. Ana Rita Rodrigues. Additionally, my internship in Pharmaceutical Industry took place at Bluepharma between May 3rd and July 30th, under the supervision of Dr. Sandra Almeida. This document represents my reflection, in a SWOT analysis (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats), regarding the two internships. The monograph is entitled “Melatonin and the Autism Spectrum Disorders”. Autism Spectrum Disorders, as a mental pathology, have been acquiring a greater preponderance worldwide, in terms of prevalence and as a target of scientific study. Recently recognized as an independent pathology, Autism tends to manifest itself in the first years of life and preferentially in males. Its most common manifestation presupposes a decline in communication and social interaction, as well as a permanence of stereotyped and repetitive behaviours, although it often coexists with other symptoms and associated comorbidities. The Autism Spectrum Disorders’ diagnosis contemplates numerous criteria associated with its main symptomatic manifestation domains and the therapeutic intervention must be evaluated and applied individually. Most autistic patients suffer from sleep disorders, so their treatment is essential. Melatonin is an endogenous hormone responsible for regulating the circadian cycle and its synthesis is deficient in some autistic patients. Therefore, its supplementation may be necessary in order to provide a better quality of life. Melatonin's benefits are quite vast, in addition to its obvious sleep-regulating effect. In children with Autism Spectrum Disorders, there is no regulatory-approved therapy to treat sleep disorders, and more aggressive off-label therapies, including anxiolytics and antidepressants, are prescribed. Melatonin has been shown to be an effective and safe alternative in the treatment of insomnia in autistic children, especially in prolonged-release pharmaceutical forms, in order to mimic its endogenous profile. Pediatric Modified Release Melatonin was created with the purpose of minimizing nonadherence to therapy associated with swallowing tablets within the pediatric population. Recently, some studies have been carried out to assess the feasibility, safety and efficacy of administering Modified Release Melatonin in short-term and long-term autistic children.