Determinação dos teores de níquel em alimentação de confeção caseira para crianças e avaliação do risco

Abstract

O Níquel (Ni) é um elemento que está naturalmente presente na crosta terrestre e a sua emissão para a atmosfera tem origem em causas naturais ou antropogénicas. A alimentação é uma das principais fontes de exposição a este metal. Devido à sua acumulação no organismo pode causar efeitos nocivos para a saúde como a carcinogénese e a dermatite induzida. Por isso, através da evidência científica, a Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Cancro (IARC) classifica o Ni como carcinogénico para o Homem. As crianças constituem o grupo populacional mais vulnerável, sendo esta justificada pela maior ingestão de alimentos por peso corporal, pelo desenvolvimento incompleto de alguns órgãos e tecidos e pelo estado imaturo das vias metabólicas, nos primeiros anos de vida, que dificultam a metabolização e a excreção de poluentes, que tendem a acumular-se no organismo. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar o risco em relação à presença de níquel em alimentos de confeção caseira, estabelecendo uma comparação com a alimentação infantil comercial. A metodologia escolhida para a quantificação deste contaminante foi a espectrometria de absorção atómica em câmara de grafite (GFAAS). Foram analisadas 146 amostras de alimentos de confeção caseira, desde sopas, refeições de segundo prato, frutas e papas não comerciais, das quais 121 se encontravam contaminadas. Verificou-se que o grupo das papas não comerciais foi o que apresentou concentrações médias mais elevadas (134,2 µg/Kg) e o teor máximo de 350 µg/Kg, sendo as concentrações mais baixas encontradas nas sopas com um valor médio de 32,19 µg/Kg. Estes resultados foram semelhantes aos obtidos para a alimentação infantil comercial, evidenciando a possível ausência do risco promovido pelo Ni em alimentos de confeção caseira para bebés. Utilizando os resultados médios e o pior cenário, conclui-se que a ingestão diária tolerável (13 µg/kg) não foi ultrapassada para as diferentes faixas etárias.

Nickel (Ni) is an element that is naturally present in the earth's crust and its emission to the atmosphere originates from natural or anthropogenic causes. Food is one of the main sources of exposure to this metal. Due to its accumulation in the body it can cause harmful health effects such as carcinogenesis and induced dermatitis. Therefore, through scientific evidence, Ni has been classified by the International Agency of the World Health Organization for Cancer Research (IARC) as human carcinogens.Children are the most vulnerable population group, which is justified by the increased food intake by body weight, by the incomplete development of some organs and tissues and by the immature state of the metabolic pathways, in the first years of life, which hinder metabolism and excretion pollutants, which tend to accumulate in the body.The main objective of this work was to assess the risk in relation to the presence of Ni in homemade food, establishing a comparison with commercial infant feeding. The analytical methodology used for the determination of Ni was dry ashing followed by graphite furnace atomic absorption spectrometry (GFAAS). 146 samples of homemade food were analyzed, including soups, second course meals, fruits and non-commercial porridge, of which 121 were contaminated. It was found that the group of non-commercial porridge was the one with the highest average concentrations (134.2 µg/Kg) and the maximum content of 350 µg/Kg, with the lowest concentrations found in soups with an average value of 32.19 µg/Kg. These results were similar to those similar for commercial infant feeding, showing the possible absence of the risk promoted by Ni in homemade baby food.Using average results and the worst case scenario, the tolerable daily intake proposed by EFSA (13 μg/kg) was not exceeded for the different age groups.