Relatório de Estágio e Monografia intitulada "Transtornos de Pânico: fisiopatologia e abordagens terapêuticas"

Abstract

O Transtorno de Pânico constitui uma das patologias mentais mais comuns e debilitantes, encontrando-se associado a uma significativa perda de qualidade de vida e a um elevado impacto socioeconómico e afetivo. Estima-se que, anualmente, 1 a 3% da população mundial desenvolve um Transtorno de Pânico, sendo a prevalência substancialmente maior no género feminino. No que concerne ao mecanismo fisiopatológico, embora este não se encontre totalmente compreendido, centra-se no modelo da rede do medo, no qual a amígdala, ínsula e córtex cingulado anterior são considerados as estruturas-chave. Não obstante o carácter multifatorial desta patologia, que engloba as componentes genética e social, destaca-se igualmente a sua relação com outras doenças, sejam estas do foro psíquico ou do foro respiratório, cardiovascular e/ou gastrointestinal. Atualmente, o tratamento do Transtorno de Pânico engloba a psicoterapia, sendo a terapia cognitivo-comportamental a metodologia mais investigada e implementada, e a terapia farmacológica, na qual os inibidores seletivos da recaptação da serotonina e os inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina constituem a primeira linha terapêutica. Os antidepressivos tricíclicos e as benzodiazepinas apresentam-se como segunda terapêutica, sendo a sua utilização mais restrita e ponderada, dados os efeitos nefastos a estes associados. As perspetivas para futuros tratamentos englobam antipsicóticos de segunda geração, fármacos que atuam sobre o glutamato e o GABA, neuropeptídeos e gás xénon. Embora os resultados sejam positivos, mais estudos de segurança e eficácia devem ser conduzidos até que sejam considerados adequados ao tratamento do Transtorno de Pânico.

Panic Disorder is one of the most common and debilitating mental disorders, being associated with a significant loss of life quality and with a high socioeconomic and affective impact. It is estimated that, annually, 1 to 3% of the world population develops a Panic Disorder, with females being affected substantially higher than males.About the pathophysiological mechanism, although not fully understood, it focuses on the fear network model, in which the amygdala, insula and anterior cingulate cortex are considered the key structures. Despite the multifactorial nature of this pathology, which includes the genetic and social components, its relationship with other diseases stands out equally, whether these are of psychic, respiratory, cardiovascular and/or gastrointestinal nature.Currently, the treatment of Panic Disorder includes psychotherapy, with cognitive-behavioral therapy being the most researched and implemented methodology, and pharmacological therapy, in which selective serotonin reuptake inhibitors and serotonin and norepinephrine reuptake inhibitors constitute the first line of treatment. Tricyclic antidepressants and benzodiazepines are the second line of treatment, and their use is more limited and thoughtful, given the harmful effects associated with them.Prospects for future treatments include second-generation antipsychotics, glutamate and GABA related drugs, neuropeptides and xenon gas. Although the results are positive, further safety and efficacy studies should be conducted until they are considered adequate for the treatment of Panic Disorder.