Intervenções para reduzir as Urgências Pediátricas inadequadas

Abstract

O Serviço Nacional de Saúde enfrenta uma problemática crescente de défices no financiamento e em contrapartida a elevada procura de cuidados de saúde, sendo que, uma grande parte corresponde ao peso dos serviços de urgência, tais como as urgências pediátricas. Sabemos que muitas destas urgências não constituem verdadeiras urgências, mas há cuidadores que têm preferência por estes serviços.[1] É, deste modo, importante perceber que intervenções podem ser eficazes a diminuir as falsas urgências pediátricas, de modo a tornar mais eficiente o sistema de resposta às situações agudas nesta faixa etária. Este trabalho consiste numa revisão sistemática da literatura. A presente revisão abrange os anos de 2010 a 2020. Para a elaboração da questão de investigação, definição de critérios de inclusão e exclusão deste estudo, segundo a metodologia PICO, a população é definida pelos pais/cuidadores de crianças com menos de 18 anos; as intervenções são todas as que pretendem melhorar o uso adequado de serviços de emergência pediátrica ou reduzir o uso inadequado; o contexto são os serviços pediátricos de emergência que incluem hospitais centrais ou periféricos e serviços incluídos no nível secundário; como resultados pretende-se perceber a melhoria do uso adequado ou redução do uso inadequado de serviços de emergência e os estudos incluídos foram de intervenção. Foram utilizados como motores de busca a Pubmed, a Embase, a Cochrane Central Library e o RCAAP (Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal). Após a avaliação de critérios de inclusão e exclusão pré-definidos, foram selecionados 3 estudos que são explorados neste trabalho. As intervenções nestes estudos consistiram; num deles na entrega de um folheto acompanhado de curta sessão na qual era apresentado um algoritmo para os cuidadores e noutro no envio de mensagens de texto e vídeos como ferramentas educacionais, obtendo em ambos uma diminuição significativa da utilização inadequada do serviço de urgência pediátrica. Estes estudos obtiveram classificação de risco de viés geral de “baixo risco” e “não claro”. Outra intervenção de um vídeo de meia hora a mães de recém-nascidos na alta da maternidade, não tendo impacto estatisticamente significativo. Este estudo apresentou uma classificação de “elevado risco” de viés. No futuro, para colmatar as principais falhas, deve haver estudos com estas e outras intervenções, tendo especial atenção à preparação e efetivação da randomização, para melhorar a qualidade da evidência disponível.

The National Health Service faces a growing financial problem and in contrast a growing demand for health care, with a large part corresponding to the weight of emergency services, such as pediatric emergencies. Also, we know that many of these emergencies do not constitute real emergencies, but caregivers have a preference for these services. [1] It is, therefore, important to systematic review interventions that can decrease false pediatric emergencies, in order to make the healthcare response to acute situations in this age group more effective. This work consists of a systematic review of the literature that covers the years 2010 to 2020. For the elaboration of the research question, definition of inclusion and exclusion criteria of the studies to be part of this literature review, the following PICO was defined: population as the parents / caregivers of children under 18; interventions that aim to improve the proper use of pediatric emergency services or reduce inappropriate use; context as pediatric emergency services including central or peripheral hospitals and services included at the secondary level; outcomes, were adequate use or reduction in inappropriate use of emergency services and only intervention studies were included. The search engines used were Pubmed, Embase, Cochrane Central Library and RCAAP,. After evaluating pre-defined inclusion and exclusion criteria, 3 studies were selected and are explored in this work. The interventions in these studies consisted; one, in the delivery of a leaflet accompanied by a short session where an algorithm for caregivers was presented, and in another text messages as educational tools were sent, obtaining in both a significant decrease in the inappropriate use of the pediatric emergency service. These studies had a general risk of bias classification of “low risk” and “unclear”. Another intervention of a half hour video presentation to mothers of newborns at discharge from the maternity ward, had no statistically significant impact. This study presented a “high risk” classification of bias. In the future, to address this outcomes in a more consistent way, there should be studies with these and other interventions, paying special attention to the preparation and effectiveness of randomization and blinding, to improve the quality of the available evidence.