O prognóstico da gestação multifetal após redução fetal eletiva versus atitude expectante

Abstract

Esta revisão da literatura surge pela escassez de informação disponível que suporte a redução fetal eletiva em gestações multifetais de 3 fetos como fator benéfico no prognóstico, por comparação com gestações multifetais vigiadas com atitude expectante. Nos últimos anos, a redução fetal surge como alternativa para gestações multifetais de ordem superior, após falha das estratégias na sua prevenção. Este artigo de revisão deriva da análise comparativa de 46 artigos, publicados nos últimos 10 anos, e pretende clarificar algumas questões acerca do possível benefício da redução fetal eletiva no prognóstico das gestações multifetais de 3 fetos. Estudou-se a influência da redução fetal na idade gestacional de parto, na incidência de parto pré-termo, na restrição de crescimento intrauterino, no peso ao nascimento, na morbilidade e mortalidade perinatal e nas complicações maternas. Após análise desses artigos conclui-se que parece haver benefício da redução fetal sobre a idade gestacional ao parto e o peso ao nascimento, sendo o ganho, caso redução fetal de 3 fetos para 1, superior ao de gestações multifetais de 3 fetos para 2. O risco de parto pré-termo, tal como o risco de restrição de crescimento intrauterino nas gestações multifetais, pode diminuir pela redução fetal de 3 fetos para 2, sendo maior a redução para gestação unifetal. A redução fetal poderá, ainda, não só diminuir as taxas de internamentos na unidade de cuidados intensivos, como também a sua duração e custos associados. A maioria dos estudos reconhecem que gestações multifetais submetidas a redução fetal apresentam menores taxas de morbilidade e mortalidade perinatal e menores taxas de complicações maternas. De destacar que todos os artigos incluídos na análise revelaram limitações que, de certa forma, inviabilizam a completa extrapolação de resultados para a prática clínica. Este artigo de revisão apresenta, também, alguns pontos fracos, tais como, a pesquisa com recurso a uma única base de dados e a forma de seleção dos artigos.

This literature review arises from the scarcity of information available to support elective fetal reduction in multifetal pregnancies of 3 fetuses as a beneficial factor in the prognosis, in comparison with multifetal pregnancies monitored with an expectant attitude. In recent years, fetal reduction has emerged as an alternative for multifetal pregnancies of a higher order, after failure of prevention strategies. This review article comes from the comparative analysis of 46 articles, published in the last 10 years, and aims to clarify some questions about the possible benefit of elective fetal reduction in the prognosis of multifetal pregnancies of 3 fetuses. The influence of fetal reduction on gestational age at birth, on the incidence of preterm birth, restriction of intrauterine growth, birth weight, perinatal morbidity and mortality, and maternal complications was studied. After analyzing these articles, it is concluded that there seems to be a benefit of fetal reduction on gestational age at birth and birth weight, higher in case of fetal reduction from 3 fetuses to 1, than from 3 fetuses to 2. The risk of preterm delivery, as well as the risk of intrauterine growth restriction in multifetal pregnancies, can be reduced by the fetal reduction from 3 fetuses to 2, with lower rates by reduction for single fetal pregnancies. The fetal reduction may also not only reduce the rates of hospitalizations in the intensive care unit, but also its duration and associated costs. Most studies recognize that multifetal pregnancies subjected to fetal reduction have lower rates of perinatal morbidity and mortality and lower rates of maternal complications. It should be noted that all the articles included in the analysis revealed limitations that, preclude the complete extrapolation of results to clinical practice. This review article also presents some weaknesses, such as research using a single database and selection mode of the articles.