Influência da Família na Depressão Perinatal

Abstract

Introdução: A depressão perinatal é uma das complicações mais comuns do período pré-natal e pós-parto, apresentando uma prevalência de 10 a 20%. Esta condição tem consequências negativas para a família, sendo o objetivo primário do nosso trabalho investigar a relação entre ambas, nas mulheres em Portugal.Métodos: Estudo observacional transversal. A amostra incluiu grávidas que se deslocaram aos Cuidados de Saúde Primários em três unidades da Região Centro e que responderam a um questionário com avaliação sociodemográfica e obstétrica; escala de rastreio de ansiedade perinatal (ERAP); escala de ansiedade, depressão e stress (EADS-21); escala FACES IV e escala de satisfação com o suporte social (ESSS). Foi feita uma análise estatística descritiva e inferencial para relacionar as variáveis relativas à família e os níveis de depressão. Procedeu-se ainda à análise de possíveis variáveis de confundimento e relação das variáveis da família com os níveis de ansiedade e stress.Resultados: A amostra incluiu 63 grávidas, sendo que, dentro das variáveis relativas à família, todas apresentaram uma relação estatisticamente significativa com os níveis de depressão, com a exceção do número de filhos - Coesão (p<0,01), Flexibilidade (p<0,001), Desligada (p=0,007), Emaranhada (p<0,001), Rígida (p=0,001), Caótica (p<0,001), Comunicação (p<0,001), Satisfação (p=0,012), Satisfação Familiar (p<0,001), Intimidade (p<0,001), Estado Civil (p=0,036), “Quem vive consigo” (p=0,003). O grau de escolaridade (p=0,004), profissão (p=0,012), idade (p=0,001), rendimento (p<0,001), os níveis de satisfação com os amigos (p=0,031) e com as atividades sociais (p<0,001) foram identificados como possíveis variáveis de confundimento, com uma relação significativa com os níveis de depressão. Verificou-se ainda que a maioria das variáveis relativas à família se relacionavam também, de forma estatisticamente significativa, com os níveis de ansiedade e stress.Discussão e Conclusão: A relação encontrada entre as variáveis relativas à família e os níveis de depressão perinatal, bem como com os níveis de ansiedade e stress, reforça a importância de perceber mais a fundo a relação entre estas variáveis em estudos mais amplos e longitudinais. Assim, o funcionamento familiar e, por consequência uma boa satisfação com a família, parecem ser importantes para manter a saúde mental da mulher ao longo do período perinatal.

Introduction: Perinatal depression is one of the most common complications in the prenatal and postpartum periods, with a prevalence of 10 to 20%. This condition has negative consequences for the family, and the primary objective of our work is to investigate the relationship between both, in women in Portugal.Methods: Cross-sectional observational study. The sample included pregnant women who went to primary health care in three units in the Centro Region and who answered a questionnaire with sociodemographic and obstetric assessment; perinatal anxiety screening scale (ERAP); anxiety, depression and stress scale (EADS-21); FACES IV scale and social support satisfaction scale (ESSS). A descriptive and inferential statistical analysis was performed to relate the variables related to the family and the levels of depression. The analysis of possible confounding variables and the relationship between family variables and anxiety and stress levels were also carried out.Results: The sample included 63 pregnant women, and, within the variables related to the family, all showed a statistically significant relationship with the levels of depression, with the exception of the number of children - Cohesion (p <0.01), Flexibility (p <0.001 ), Off (p = 0.007), Tangled (p <0.001), Rigid (p = 0.001), Chaotic (p <0.001), Communication (p <0.001), Satisfaction (p = 0.012), Family Satisfaction (p <0.001) ), Intimacy (p <0.001), Marital Status (p = 0.036), “Who lives with you” (p = 0.003). The level of education (p=0,004), job (p=0,012), age (p=0,001), income (p<0,001), levels of satisfaction with friends (p=0,031) and social activities (p<0,001) were identified as possible confounding variables, with a significant relationship with the levels of depression. It was also found that most of the variables related to the family were also related, in a statistically significant way, to the levels of anxiety and stress.Discussion and Conclusion: The relationship found between the variables related to the family and the levels of perinatal depression, as well as with the levels of anxiety and stress, reinforces the importance of understanding more deeply the relationship between these variables in broader and longitudinal studies. Thus, family functioning and, consequently, good satisfaction with the family, seem to be important to maintain the woman's mental health throughout the perinatal period.