Asma exacerbada por AINEs: Fisiopatologia e o papel da terapêutica monoclonal

Abstract

A asma é uma patologia clínica definida habitualmente como um distúrbio inflamatório das vias aéreas, quase sempre associada a hiperreatividade brônquica, caracterizando-se por episódios recorrentes de pieira, dispneia, opressão torácica e tosse, sintomas estes que poderão ser de predomínio matinal e/ou vespertino. Tal como inúmeras outras doenças conhecidas, esta pode ser dividida tendo em conta os seus diferentes fenótipos, entre os quais a Asma Exacerbada por Anti-Inflamatórios Não Esteroides. Esta entidade clínica, definida pela tríade de asma brônquica, pólipos nasais e intolerância aos anti-inflamatórios não-esteroides, designa-se também Tríade de Samter e, mesmo não sendo dos fenótipos de asma mais predominantes na população em geral, os seus episódios de agudização e a grande morbilidade a curto e longo prazo – bem como o impacto interpessoal e socioecónomico –, torna a compreensão da sua fisiopatologia fulcral o que deverá, por sua vez, abrir novas portas a tratamentos inovadores, cada vez mais específicos e eficazes, como a terapia com recurso a anticorpos monoclonais.Ao longo desta dissertação é apresentada uma visão geral dos mecanismos fisiopatológicos reconhecidos pela comunidade científica envolvidos na AERD e a sua contribuição para o quadro sintomatológico observado nos doentes. É também abordado o possível papel da terapêutica com recurso a anticorpos monoclonais, os benefícios que estes trazem para o tratamento da AERD, bem como os possíveis efeitos adversos associados aos mesmos. Atualmente reconhece-se a AERD como um conjunto de desregulações ao nível da COX-1/COX-2, da produção de leucotrienos, da influência de citocinas pro-inflamatórias como o IFN-γ e a IL-4, associada à produção de leucotrienos por plaquetas aderentes a leucócitos e à diminuição da concentração de lipoxinas circulantes. Enquanto que existem múltiplas terapêuticas médicas e cirúrgicas passíveis de serem utilizadas nos doentes com AERD, estas revelam-se ser muitas vezes ineficazes ou associadas a efeitos adversos que impedem a sua praticabilidade. Apesar do seu uso off-label, a terapêutica com anticorpos monoclonais oferece um tratamento mais personalizado para o doente, com maior potencial de se revelar eficaz no controlo sintomático e na diminuição de exacerbações, permitindo uma melhoria da qualidade de vida e uma redução da morbilidade associada a esta patologia, devendo ser considerada sempre que as restantes terapêuticas farmacológicas forem esgotadas.

Asthma is a clinical pathology defined as an inflammatory disease usually associated with bronchial hypersensitivity and characterized by recurrent episodes of wheezing, dyspnea, chest oppression and cough. These symptoms can be more predominant during the morning and/or during the evening. As it happens with another pathologies, Asthma can be divided in different phenotypes, one of them being the Aspirin Exacerbated Respiratory Disease. This disease is defined by the following triad: bronchial asthma, nasal polyps and intolerance to non-steroidal anti-inflammatory drugs, can be also designated as Samter Triad. This phenotype, while not being very predominant in the general population, brings a strong impact socioeconomically and at a personal and interpersonal level, thus, it is extremely important for the scientific community to be able to fully understand its pathophysiology as this will allow for the discovery of newer, more specific and effective treatments. One of these newer modalities of treatment is the use of monoclonal antibodies in AERD.During this review it is shown a general view of the pathophysiological mechanisms recognized by the scientific community as being involved in AERD, their contribution for the symptoms observed on the patients and the role and benefits of monoclonal antibody therapies in AERD, without forgetting their possible adverse effects. AERD is currently recognized as a disorder of COX-1/COX-2 enzymes and their subtracts, also associated to an abnormal production of leukotrienes, under the influence of an increased production and release of pro-inflammatory cytokines, such as the IFN-γ and IL-4, supported by the additional release of leukotrienes by leukocyte-adherent platelets and diminished total concentration of lipoxins in patients with AERD. While there are several medical and surgical modalities of treatment recommended for AERD, monoclonal antibodies, used off-label, offer a more specific therapy for the patients, with a greater potential of being truly effective in reducing the severity of symptoms and number of exacerbations, allowing for a better quality of life and diminished morbidity associated with this disease. So, when all other pharmacological treatments are ineffective, this form of treatment should be considered.