Classificação Socioeconómica Familiar em Medicina Geral e Familiar. A comparação de dois modelos

Abstract

Introdução: A privação socioeconómica é um conceito mais amplo que pobreza, pois refere-se à ausência do essencial em determinado tempo e contexto. Os índices de privação socioeconómica fornecem informação da privação relativa a uma população, permitindo uma explicação para as diferenças de proporções de doenças e outros indicadores de saúde na população. A multimorbilidade é mais prevalente nas áreas de maior privação. O objetivo do estudo é correlacionar o modelo SEDI com o Teste de Graffar, associando, também, a multimorbilidade da população estudada.Métodos: Realizou-se um estudo observacional transversal, em amostra quasi-aleatória, com base em questionário que continha o SEDI, o Índice de Graffar e alguns dados epidemiológicos. O questionário foi aplicado na UCSP-Mira e na USF-Topázio, após parecer ético e com o consentimento informado dos doentes. A análise dos dados foi descritiva e inferencial por testes não-paramétricos e paramétricos, com significância estatística definida para p<0,05.Resultados: Na população estudada a classe média baixa é a mais frequente, segundo o Índice de Graffar. A correlação entre a classe SEDI e a classe Graffar é ρ=-0,626, p<0,001 e a correlação entre o valor SEDI e o valor Graffar é de r=-0,631, p<0,001. Por número de doenças há diferenças significativas entre a classe de Graffar e a classe de SEDI, estando classes socioeconómicas mais baixas associadas a maior multimorbilidade. Por grupo etário há diferenças significativas, entre a classe de Graffar e a classe de SEDI, estando classes mais baixas associadas a grupo etário maior ou igual a 65 anos.Discussão: Este é o primeiro estudo a comparar as duas escalas de classificação socioeconómica Índice de Graffar e SEDI, o que permitirá novas pesquisas epidemiológicas em MGF e até substituir o índice de Graffar pelo SEDI, no registo informático dos Médicos de Família. É de realçar a necessidade de mais estudos epidemiológicos e que abranjam todo o território português, para melhor compreender a privação socioeconómica e a multimorbilidade.Conclusão: O Índice de Graffar e o SEDI têm uma correlação moderada negativa, pelo que se houver maior adesão ao SEDI, deve haver substituição. A multimorbilidade é mais prevalente nas classes socioeconómicas mais baixas.

Introduction: Socioeconomic deprivation is a broader concept than poverty, as it refers to the absence of the essential during specific time frame and context. Socioeconomic deprivation indexes provide information on deprivation relative to a population, giving an explanation for the differences in disease proportions and other health indicators in the population. Multimorbidity is more prevalent in the most deprived areas. The aim of this study is to correlate SEDI model with Graffar test, also associating the multimorbidity of the population in study.Methods: A cross-sectional observational study was carried out in an almost random sample, based on a questionnaire with SEDI model, Graffar test and some epidemiological data. It was applied at UCSP-Mira and at USF-Topázio, after an ethical opinion and with informed consent of the patients. Data analysis was descriptive and inferential, by non-parametric and parametric test, with statistical significance set for p<0,05.Results: In the studied population, the lower middle class is the most frequent, according to the Graffar Index. The correlation between the SEDI class and the Graffar class is ρ = -0.626, p <0.001 and the correlation between the SEDI value and the Graffar value is r = -0.631, p <0.001. By number of diseases, there are significant differences between the Graffar class and the SEDI class, with lower socioeconomic classes associated with heavier multimorbidity. By age range, there are significant differences between the Graffar class and the SEDI class, with lower classes associated with an age range greater than, or equal to, 65 years.Discussion: This is the first study to compare the two scales of socioeconomic classification Graffar Index and SEDI, wich will allow new epidemiological research in Family Medicine, and even replace the Graffar Index by SEDI in the computers of Family Doctors. It is important to highlight the need for more epidemiological studies that cover the entire Portuguese territory, in order to better understand socioeconomic deprivation and multimorbidity.Conclusion: The Graffar Index and SEDI have a moderate negative correlation, so if there is greater adherence to SEDI, it should be replaced. Multimorbidity is more prevalent in the lower socioeconomic classes.