Consciência Corporal, Identidade e Perceções da importância do Exercício Físico após reabilitação de AVC.

Abstract

O presente estudo enquadra-se no âmbito do mestrado em Exercício e Saúde em Populações Especiais da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra.O objetivo do estudo assentou na procura e compreensão das perceções de cada individuo relativamente ao próprio corpo e imagem corporal, alterações de identidade e perceção da importância da prática de exercício físico após a reabilitação de AVC. Efetuaram-se 15 entrevistas semiestruturadas, via zoom, a sobreviventes de AVC inseridos no “Grupo de Ajuda Mútua” da Associação Portugal AVC - União de Sobreviventes, Familiares e Amigos de sobreviventes de AVC, de ambos os sexos com idades compreendidas entre os 20 e os 52 anos, dada a natureza da associação e a abrangência geográfica dos elementos que a integram, os participantes encontraram-se distribuídos por grande parte do território de Portugal continental, mais propriamente pelos distritos de Viseu, Guarda, Lisboa, Faro, Porto e Aveiro. Recorreu-se à análise de conteúdo com recurso aos softwares Nvivo.O AVC é a principal causa de mortalidade e morbilidade em Portugal. Apesar da sua taxa de apresentação estar a diminuir, a sua prevalência continua alta. As sequelas resultantes do AVC, na maioria dos casos, resultam nalgum grau de dependência com implicações diretas na vida quotidiana do sobrevivente de AVC que passa por um longo processo de adaptação e aceitação da sua nova realidade.Os resultados do estudo permitem concluir que, após um AVC, as autoperceções do sobrevivente relativamente ao corpo e o seu “Eu” alteram-se independentemente da extensão das sequelas ao nível motor. A forma como o sobrevivente se vê a si próprio numa primeira fase após o AVC, provocam uma alteração da perceção do próprio corpo levando ao surgimento de questões relacionadas com a própria identidade e uma redução da autoestima. Todas estas questões tendem a dissipar-se à medida que existe a compreensão e aceitação do AVC. A forma como a sociedade vê o sobrevivente de AVC também influenciam negativamente as autoperceções do sobrevivente. A perceção da importância do exercício físico após a reabilitação do AVC é unanime entre os sobreviventes, mas existe a associação do exercício físico aos exercícios terapêuticos, na maioria dos sobreviventes, que demonstram ainda alguma falta de confiança nos profissionais de Desporto sugerindo a necessidade de programas de exercício físico específicos para sobreviventes de AVC.

The present study is part of the Master's degree in Exercise and Health in Special Populations of the Faculty of Sports Sciences and Physical Education of the University of Coimbra.The purpose of this study is based on the research and understanding of stroke survivor´s self-perceptions regarding their body awareness, body image, self-identity and the perception of exercise importance after the rehabilitation discharge. To do this, we conducted 15 semi-structured interviews, via zoom, with stroke survivors of both sexes, aged between 20 and 52 years old which were integrated on the group “Grupo de Ajuda Mútua” from the national organization “Portugal AVC”.Due to the nature of this organization, the study participants were distributed by the continental territory of Portugal, namely from the districts of Viseu, Guarda, Lisboa, Faro, Porto e Aveiro. The data analysis was conducted using the Nvivo software. Although stroke presentation rate is decreasing, it still continues to be the main cause of mortality and morbidity in Portugal, its prevalence remains high. Stroke consequences, in most of the cases, results in some degree of dependence with direct implications for the daily life of the stroke survivor who goes through a long process of adaptation and acceptance of their new reality. The results of the study allow us to conclude that, stroke survivor´s self-perceptions of their body and their Self change, independently of the motor sequelae. The way the survivor sees himself in the first phase after the stroke, causes a change in the perception of his own body, leading to the emergence of issues related to his own identity and a reduction in self-esteem. All these issues tend to dissipate as there is an understanding and acceptance of stroke. The way society see the stroke survivor also negatively influences the survivor's self-perceptions.The perception of the importance of physical exercise after stroke rehabilitation is unanimous among survivors, but there is an association between physical exercise and therapeutic exercises, in most survivors, which still demonstrate some lack of confidence in sports professionals, suggesting the need for specific physical exercise programs for stroke survivors.