Vivências de adolescentes em Acolhimento Residencial durante a pandemia de COVID-19

Abstract

The recent Covid-19 pandemic and consequent lockdown cause massive changes in the lives of the entire world population. Same circumstances shown that pandemic situations have not only impact in physical health but also in mental health, especially in children and teenagers.The main objective of this study focused on the analysis of how adolescents in residential care experienced the emergence of covid-19 and lockdown in different areas: family, friends, school, and residential house. For that, 9 teenagers from residential houses (3 females and 6 males) were interviewed, with ages between 13 and 18 years old (M=15 years;DP=1,42). As a data collection instrument, a semi-structured interview was used, using a script specifically built for this study. The methodology used for data analysis was Grounded Theory.The results reveal the existence of two moments in the way how teenagers are living the pandemic: the initial phase (Beginning) and the remaining time, that continue to the present days (New Normal).In the Beginning, fear in different ways, was the main sentiment followed by anguish that was related with the lack of family presence. In the second moment (New normal) horror and saturation were the sentiments that the teenagers felt during distance learning, new routines in residential houses, the conflict in relationships with young people and technicians and the use of mask. Those sentiments over time changed for tranquilization and hope. An optimistic future and the hope that everything will return to normal are the sentiments that the teenagersThe previous studies confirmed the information obtained in this investigation. Most of the young people revealed that they had difficulties in adapting to the new modality of education, and revealed negative feelings arising from the deprivation of contact with the family. However, they revealed that in addition to the negative aspects of the pandemic and confinement there also positive aspects such as greater union among young people. Even though the study revealed that young people have moved from Horror and Saturation to Reassurance and Hope it will still be pertinent to carry out an assessment of the well-being and physical and mental health of these young people as well carry out a survey of their needs.

A recente pandemia do covid-19 e o posterior confinamento provocaram mudanças drásticas na vida de toda a população mundial. Circunstâncias idênticas anteriores revelaram que uma pandemia tem impacto não apenas na saúde física, mas na saúde mental dos indivíduos, nomeadamente das crianças e dos adolescentes. O objetivo principal do presente estudo centrou-se análise do modo como adolescentes em Acolhimento Residencial vivenciaram o surgimento do covid-19 e do confinamento obrigatório nas diferentes áreas das suas vidas: Família, Amigos, Escola e Casa de Acolhimento. Para tal, foram entrevistados 9 adolescentes (3 do sexo feminino e 6 do sexo masculino), com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos (M =15 anos; DP=1,42) que vivem em Casas de Acolhimento Residencial. Como instrumento de recolha de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada, recorrendo-se a um guião construído especificamente para este estudo. Na análise de dados utilizou-se como metodologia a Grounded Theory. Os resultados revelaram a existência de dois momentos na forma como os adolescentes têm lidado com a pandemia: uma fase inicial (Início) e o tempo restante, que ainda hoje perdura (Novo Normal). No Início destacaram como sentimento predominante o Medo nas suas diferentes formas. De seguida, o sentimento predominante passou a ser a Angústia muito relacionada com a privação do contacto com a família. Já no segundo momento (Novo normal) os jovens destacaram o Horror e Saturação, sentimentos que condensam as experiências destes jovens durante o confinamento nomeadamente o ensino à distância, as novas rotinas nas Casas de Acolhimento, o conflito nas relações com jovens e técnicos, a utilização da máscara. Com o decorrer do tempo, estes sentimentos deram lugar à Tranquilização e Esperança. O medo diminuiu e começaram a ver o futuro com otimismo e com a esperança de que tudo voltará ao normal. Os estudos realizados anteriormente vieram confirmar a informação obtida nesta investigação. A maioria dos jovens revelou ter sentido dificuldades em se adaptar à nova modalidade de ensino, ao mesmo tempo que revelou sentimentos negativos provenientes da privação de contacto com a família. Contudo, revelaram que para além dos aspetos negativos da pandemia e do confinamento existiram também aspetos positivos nomeadamente a maior união entre os jovens. Embora a investigação realizada tenha revelado que os jovens passaram de Horror e Saturação para Tranquilização e Esperança será pertinente proceder a uma avaliação do bem-estar e da saúde física e mental destes jovens assim como proceder a um levantamento das suas necessidades.