Modelo de correlação entre a Bacia Lusitânica e a Bacia de Peniche com base em sismoestratigrafia

Abstract

Este estudo consiste na análise de duas bacias sedimentares meso-cenozoicas portuguesas, Lusitânica e Peniche, situadas na Margem Ibérica Oeste, com vista ao estabelecimento de correlação entre elas, baseada na interpretação de linhas sísmicas disponibilizadas para dois setores offshore. A análise realizada baseia-se no pressuposto de que as bacias Lusitânica e de Peniche terão sido formadas ao mesmo tempo, e que partilham elementos estratigráficos e estruturais muito semelhantes. Com o presente estudo, pretende-se utilizar o conhecimento já relativamente detalhado acerca da Bacia Lusitânica no aprofundamento do conhecimento da sua análoga, a bacia de Peniche, que representa a extensão da primeira para o offshore profundo. Para tal, recorreu-se à revisão de literatura relevante para a interpretação sismoestratigráfica de bacias sedimentares, nomeadamente acerca dos fundamentos teóricos da sismoestratigrafia, que permitem sustentar a análise das reflexões num perfil sísmico: o estudo dos padrões de terminação e dos parâmetros sísmicos. Estes fundamentos foram aplicados na ferramenta informática utilizada na presente investigação, o software PETREL® Schlumberger 2017. Os resultados obtidos a partir da análise integrada da informação obtida, e que se refere a um setor localizado no offshore raso ao largo da Figueira da Foz, permitem afirmar que se registam diferenças substantivas relativamente ao quadro estrutural e tectónico das bacias Lusitânica e Peniche. Na verdade, enquanto o setor setentrional da área estudada é controlado pela atividade diapírica, o setor meridional é dominado por intensa atividade tectónica. O aprofundamento do conhecimento acerca da génese e evolução de cada uma delas revela-se crucial para o estabelecimento de um quadro estratigráfico de referência para a Bacia de Peniche, ainda inexistente, mas fundamental para a avaliação do seu potencial em matéria de exploração de hidrocarbonetos.

This present study concerns an exploration analysis of two Portuguese Mesozoic marginal basins. These adjacent neighbor basins, namely the Lusitanian and Peniche basins, are situated in the Western Iberian Continental Margin, having been formed and accreted during the same period of geologic time. The study is based therefore upon the similar origin of these basins hence their history appears analogous in stratigraphic development. The interpretation of available seismic lines in two offshore sectors of these basins seeks to establish a genetic correlation between them. With the present study, the relatively more detailed knowledge of the Lusitanian basin provides for postulated statements with concerns to its analog Peniche basin specially in its more distal portion of deepwater sediments, that in reality could be an appendix to the Lusitanian basin offshore.For such the relevant literature on both basins were reviewed with view to a sismostratigraphic correlation between the basins with the available lines, utilizing the fundamental principles of geologic seismic stratigraphic interpretation. These principles were applied through an interpretation software tool, namely the PETREL® Schlumberger 2017, that enables the analyses of the seismic parameters regarding the pertinent reflection terminations on seismic profiles.Results obtained with the integrated analyses of all the available information that is focused in a shallow water sector of the Figueira da Foz region enable the establishment of the similarities and of the substantive differences relative to the tectonic and stratigraphic development of the Lusitanian and Peniche basins. This is evident on the septentrional sector of the studied area which is dominated by diapiric activity as opposed to the meridional sector controlled by intense tectonism. The deepening of knowledge about the genesis and evolution of each of them is crucial for the establishment of a stratigraphic frame of reference for the Peniche Basin, which still does not exist, but which is fundamental for the assessment of its potential in terms of hydrocarbon exploration.