"'Make Orwell Fiction Again': Rereading Orwell's Nineteen Eighty-Four and Other Dystopian Novels in the Trump Age"

Abstract

Desde que anunciou a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump destacou-se pela postura controversa e os discursos inflamatórios de índole populista, revelando, sem qualquer pudor, preocupantes tendências autoritárias. Inicialmente visto como o mais improvável dos candidatos, Trump foi subindo nas intenções de votos e, em novembro de 2016, foi eleito como 45º presidente americano, para grande incredulidade de metade do país e do mundo em geral. A ansiedade face ao futuro, que já se fazia sentir desde os tempos da campanha, rapidamente se agravou com as mentiras de Sean Spicer e os “factos alternativos” de Kellyanne Conway. A tumultuosa era de Trump tem vindo a alimentar medos antigos, de cujos contornos, em grande medida, a arte e principalmente a literatura já se ocuparam. Neste contexto, as distopias têm servido dois objectivos: surgem como estratégias para compreender esta nova realidade – que desafia a própria noção do real –, mas também como instrumentos de resistência à administração Trump. É justamente daí que surge o slogan: “Make Orwell Fiction Again”. A presente dissertação propõe-se tratar a relação entre a América de Trump e algumas das mais proeminentes distopias do século XX, i.e., pretende estudar a relação entre a realidade e a ficção numa conjuntura de grande agitação social e política, que pode vir a revelar-se um ponto de viragem histórico. Na primeira fase do trabalho, será considerada a evolução das utopias e distopias como géneros literários, bem como o seu potencial para inspirar mudanças sociais e políticas. A fase seguinte dedicar-se-á ao legado de George Orwell, cujo romance Nineteen Eighty-Four é o incontestável bestseller e a principal referência literária no domínio das distopias na era de Trump. Desde há várias décadas, a figura do autor e a sua obra influenciam o modo como o público avalia e pensa questões relacionadas com o autoritarismo, o abuso de poder e a manipulação da linguagem, pelo que têm destaque central na dissertação. A fase final consistirá num levantamento e análise de episódios da administração Trump que se assemelham a alguns dos aspectos mais alarmantes de Nineteen Eighty-Four e também de Brave New World, The Handmaid’s Tale e It Can’t Happen Here.

Ever since he announced his candidacy for the presidency of the United States, Donald Trump has become notorious for his controversial posture and inflammatory populist speeches, characterized by worrying authoritarian tendencies. Initially seen as the most unlikely of candidates, Trump quickly rose in voting intentions and, in November 2016, was elected the 45th American president, to the great incredulity of half of the country and the world at large. The anxiety concerning the future, which had been growing since the campaign, was enhanced by Sean Spicer's lies and Kellyanne Conway's “alternative facts”.Trump's tumultuous era has been raising old fears, the contours of which have long been the object of art, especially literature. In this context, dystopias have been serving two purposes: they emerge as strategies for understanding this new reality - which challenges the very notion of the real - but also as instruments of resistance against the Trump administration. That’s precisely where the slogan “Make Orwell Fiction Again” comes from. This dissertation proposes to deal with the relationship between Trump’s America and some of the most prominent dystopias of the twentieth century, that is, it intends to study the relationship between reality and fiction amidst great social and political upheaval, at a time that may prove to be a historical turning point.The first phase of the paper will consider the evolution of utopias and dystopias as literary genres, as well as their potential to inspire social and political change. The next phase will go through the legacy of George Orwell, whose novel Nineteen Eighty-Four is the Trump Age’s undisputed bestseller and the main literary reference within the field of dystopias. For several decades, the figure of the author and his work have influenced the ways in which the public understands and thinks about issues pertaining to authoritarianism, the abuse of power and the manipulation of language, hence they have central prominence in the dissertation. The final phase will consist of a survey and analysis of Trump administration episodes that resemble some of Nineteen Eighty-Four’s most alarming aspects, as well as of Brave New World, The Handmaid's Tale and It Can't Happen Here.