A transição para o autocuidado terapêutico em pessoas com diabetes mellitus

Abstract

A Diabetes Mellitus é uma doença crónica com uma elevada prevalência a nível mundial e onerosa para as pessoas afetadas, famílias e sistemas de saúde. O autocuidado é um componente fundamental para fazer face às atuais exigências em saúde e essencial para reduzir os custos associados à doença, obter resultados positivos para a saúde, melhorar a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. As pessoas com diabetes mellitus tipo 2 necessitam de desenvolver capacidades de autocuidado terapêutico. Mas, a sua gestão é complexa, dada a influência de fatores cognitivos, psicossociais, físicos e sociodemográficos. O apoio profissional dos enfermeiros é determinante para a gestão de autocuidado terapêutico bem-sucedida. As intervenções de enfermagem centram-se em capacitar as pessoas com diabetes mellitus tipo 2 e as suas famílias para o autocuidado terapêutico e criar as oportunidades para que se envolvam ativamente na tomada de decisão. O autocuidado terapêutico é um importante resultado sensível aos cuidados de enfermagem. A sua medição em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 é fundamental nos cuidados de saúde primários, uma vez que as pessoas desempenham as atividades de autocuidado terapêutico no contexto natural. Por outro lado, permite criar evidência sobre a eficácia dos cuidados de enfermagem e intervenções individualizadas dirigidas às necessidades reais das pessoas. Em Portugal, existe ainda uma lacuna de instrumentos válidos e fiáveis para a avaliação do autocuidado terapêutico e de conhecimento específico sobre os preditores deste fenómeno.

Diabetes Mellitus is a chronic disease with a high prevalence worldwide and costly for the affected people, their families and the health systems. Self-care is a key component to meet people’s health requirements. It is essential for reducing the costs of the disease, to achieve positive health outcomes and to improve quality of life and well-being. People with type 2 diabetes mellitus must develop therapeutic self-care abilities. But, their management is complex, given the influence of cognitive, psychosocial, physical and sociodemographic factors. Nurses’ professional support is determinant for a successful therapeutic self-care management. Nursing interventions focus on empowering people with type 2 diabetes mellitus and their families for therapeutic self-care and creating opportunities for them to become actively involved in decision-making. Therapeutic self-care is an important outcome sensitive to nursing care. Its measurement in people with type 2 diabetes mellitus is fundamental in primary health care, since people perform therapeutic self-care activities in their natural context. On the other hand, it provides evidence on the effectiveness of nursing care and individualized interventions targeting people’ real needs. In Portugal, there is still a gap of valid and reliable instruments for the evaluation of therapeutic selfcare and of specific knowledge on the associated predictors.