Influência do currículo formal no grau de compaixão dos estudantes de Medicina portugueses

Abstract

Introdução: Estudos recentes sobre a compaixão, crucial na relação médico-doente, demonstraram o seu declínio nos estudantes durante o Mestrado Integrado em Medicina (MIM) na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), apontando o currículo formal como uma razão influente para tal. Objetivos: Avaliar e comparar os níveis de compaixão dos alunos ao longo do MIM em faculdades portuguesas e relacioná-los com o respetivo currículo formal.Materiais e Métodos: Os níveis de compaixão dos alunos dos 1º, 3º e 5º anos (3º, 4º e 5º anos na DCBM-UAlg), de cada faculdade, foram estudados pela aplicação da Escala de Jefferson de Empatia Médica (versão para estudantes), por convite via Facebook, entre outubro e novembro de 2018.As informações necessárias para análise crítica dos planos curriculares de cada faculdade, foram pesquisadas nos sites institucionais. Calcularam-se as percentagens de Unidades de Crédito (UC) e ECTS referentes ao conceito e/ou pilares de compaixão. Realizou-se estatística descritiva e inferencial adequada com definição de diferença para p<0,03.Resultados: O níveis médios de compaixão estão numericamente distantes do seu valor máximo (49), sendo diferentes entre faculdades (p<0,001). A percentagem de UC relacionada com a abordagem da compaixão é significativamente diferente entre faculdades (p<0,001), mas a percentagem de ECTS não é diferente (p=0,031).Discussão: Pela primeira vez é estudada esta temática, através do estudo comparativo entre escolas médicas portuguesas. A compaixão que o futuro médico deve ser objeto de preocupação, dadas as implicações da aplicação prática da medicina em populações cada vez mais idosas e com multimorbilidade.Conclusão: Verificam-se diferenças nos níveis de compaixão entre os estudantes das várias faculdades, até em função do ano frequentado. Não há diferenças entre os valores percentuais de ECTS das UC, segundo os sites institucionais de cada uma das faculdades.

Background: Recent studies about compassion, crucial in the doctor-patient relationship, have shown its decline in students during the Integrated Medical Master's (MIM) at the Medicine Faculty of the University of Coimbra (FMUC), pointing to the formal curriculum as an influential reason for such.Objective: To evaluate and compare the levels of the students’ compassion along the Integrated Medical Master's in different selected Portuguese Medical Schools and to relate them with the respective formal faculty curriculum.Materials and Methods: Students’ compassion in 1st, 3rd and 5th years (3rd, 4th and 5th years in DCBM-UAlg) of each faculty were studied with the application of the Jefferson Medical Empathy Scale (students’ version), by a Facebook invitation, between October and November 2018.The information about the curricular plans’ for each faculty, was searched in their institutional sites. The Curricular Units (UC) and ECTS’ percentages that refer to the concept and/or pillars of compassion were calculated. Adequate descriptive and inferential statistics were applied with difference definition for p<0.03.Results: Average levels of compassion are numerically far from their maximum value (49) being different between faculties (p<0.000). The percentage of UC related to the compassionate approach is significantly different between faculties (p<0.001), but the percentage of ECTS isn’t different (p = 0.031).Discussion: This is the first study comparing these matters in the Portuguese medical schools. The compassion that the future doctor should have, is a matter of concern given the implications of the medicine’s practical application in populations getting older and with ever growing multimorbidity.Conclusion: There are differences in the levels of compassion among various faculties’ students, depending on the year attended. There are no differences between the ECTS’ percentage values of UC according to the institutional sites of each faculty.